Caro
leitor, essa é uma boa matéria jornalística (porque não?), produzida
pela LBI que, em síntese, torna-se um
documento importantíssimo ao relatar com veracidade os fatos
históricos (no qual também participei) do período que antecedeu a
abertura política em 1985.
Na verdade, fatos esses ocorridos ainda no ano de 1983 em São Paulo (cidade onde vivi por muitos anos), como relatei em alguns episódios numa postagem mais abaixo e em outro blogue: http://tijoladasnamentira.blogspot.com (mais detalhadamente) no ano de 2011.
Enfim,
particularmente este documento em forma de uma matéria jornalística
me agrada muito, mais precisamente porque desnuda várias facetas ocultas pelo
tempo da história.
É um grande
relato baseado também numa analise conjuntural contemporânea que precisa ser
levada ao conhecimento (para debates) junto às militâncias dos
movimentos sociais, mesmo que o assunto inicial trate do recebimento
compensatório por serviços "X9" prestados aos algozes, na forma de
delatores, enquanto militantes naquele período ditatorial...
Trata-se na
verdade de um "grupelho" de dirigentes sindicais abrigados em
partidos revisionistas que, infelizmente agem ainda nos dias de hoje a serviço
da classe dominante, utilizando-se também desses partidos como vetores dos seus
objetivos de traição de classe...
Por liga Bolchevique
Internacionalista
Ocorreu nesta segunda-feira, dia 22 de julho, no Sindicato Nacional dos
Aposentados da Força Sindical em São Paulo, o “Ato Sindical Unitário” promovido
pela Comissão Nacional da Verdade (CNV) criada pelo governo federal com todas
as centrais sindicais, inclusive a CSP-Conlutas.
O pretexto foi “relembrar os 30 anos da greve geral de 1983”,
apresentando-a como um fato político importante para o fim da ditadura militar
instaurada via golpe contrarrevolucionário de 1964.
A atividade foi organizada pelo “Coletivo Sindical de apoio ao Grupo de
Trabalho da Comissão Nacional da Verdade” estando presentes além dos atuais
representantes da burocracia sindical “chapa branca”, pelegos que no passado
atacaram abertamente ativistas classistas em nome da política de subordinar o
movimento operário à oposição burguesa agrupada do MDB.
O porta-voz da CSP-Conlutas e dirigente nacional do PSTU, Luís Carlos
Prates, conhecido como Mancha saudou entusiasticamente o ato político
coordenado por Rosa Cardoso (membro da CNV mais próxima da presidente Dilma),
aproveitando para reforçar os pedidos dos morenistas por “reparação material”
aos militantes e sindicalistas ligados à Convergência Socialista e ao Alicerce
(ALS), perseguidos pela ditadura militar.
Vergonhosamente, PSTU e a Conlutas lavam a cara dos pelegos de ontem e
de hoje para em troca receber indenizações milionárias do Estado burguês!
Cinicamente, a CNV nascida de um acordo entre Dilma e os militares, usou
a greve geral de 1983 como pretexto para promover seu ato político
espetaculoso. Na verdade, na greve geral de 21 de julho de 83 convocada pela
“unidade” dos dirigentes sindicais da “Comissão Nacional Pró-CUT” (que
posteriormente implodiu) foi em grande parte sabotada pelos pelegos da CGT, que
agora comemoraram esta data!
O governador de São Paulo, Franco Montoro (PMDB), expoente da oposição
burguesa apoiada pelos pelegos, reprimiu o movimento de massas em uma ação
coordenada com o II Exército e a PM. A paralisação foi forte no estado de São
Paulo e só não foi maior no resto do país pela atuação boicotadora dos
dirigentes sindicais que se mantinham agrupados no PMDB (PCB, PCdoB, MR-8)
atuando contra a CUT e o PT.
Hoje a maioria do que restou destes pelegos traidores e seus herdeiros
políticos (que se abraçam em festa com o PSTU/Conlutas) está abrigada nas
direções das centrais sindicais “chapa branca” mais direitistas,
particularmente na CGTB, CTB, CSB, Nova Central e UGT.
Agora, juntos com a CUT totalmente domesticada e corrompida, esta
canalha sustenta o governo Dilma. Muitos destes pelegos da CGT inclusive
entregavam para os patrões e a polícia ativistas classistas, como vimos na
época das disputas da pelegada da CGT contra o MONSP nos metalúrgicos da
capital paulista.
Bira, o atual presidente da CGTB, por exemplo, que estava no ato
com Mancha “comemorando” a greve geral de 1983 é o mesmo sindicalista e
dirigente do MR-8 (agora PPL) que atuava como “tropa de choque” (armados,
inclusive) do pelego-mor “Joaquinzão” (metalúrgicos de São Paulo) contra os
militantes da Oposição Metalúrgica!
Como se observa, o “Ato Sindical Unitário” deste dia 22 tratou-se de uma
falsificação histórica, onde o PSTU e a Conlutas serviram para dar uma
cobertura de esquerda à operação midiática montada pelo Planalto, já que
formalmente os morenistas não apóiam o governo Dilma e foram vítimas da
ditadura militar.
Sem dúvida, Mancha e a direção do PSTU cobraram caro por este
teatro, tanto que no próprio evento salientaram a necessidade da reparação
material para seus militantes!
Os reformistas da “família chapa branca”, agora acompanhados
escandalosamente pelos revisionistas do PSTU, transformaram a trajetória de
luta da militância contra a ditadura em um verdadeiro “balcão de negócios”,
onde a “regra” é acumular processos de “reparação” para serem “deferidos” em
requintadas solenidades oficiais pelos mesmos governos “democráticos” que
massacram a classe operária e o povo pobre e negro, que continuam a ser
torturados nas delegacias das periferias deste país.
Como marxistas revolucionários, não dissimulamos ilusões de que
este regime bastardo irá punir ou condenar os agentes e mandantes da repressão
que se abateu ferozmente sobre nossos camaradas, nossa justiça de classe
somente emergirá quando a verdade histórica for “revelada” para as novas
gerações de militantes “intoxicados” com a cortina de fumaça da democracia
burguesa, ou seja a derrubada revolucionária do capitalismo foi e sempre será o
norte de nossa luta!
Como mais uma manobra distracionista, bem ao estilo dos governos da
centro-esquerda burguesa da América Latina, a frente popular agora sob o
comando da ex-guerrilheira Dilma promove a CNV cujo móvel político é realizar
um resgate “histórico” das circunstâncias e responsabilidades pelos crimes da
ditadura militar, ressalvado que todos os protagonistas deste cenário de
prisões, torturas e covardes assassinatos estariam resguardados de qualquer
responsabilidade jurídico-criminal em função da plena vigência da “Lei da
Anistia”, promulgada pelo governo do general João Figueiredo.
A partir desta “base pétrea”, ou seja, a impunidade constitucional aos
genocidas, o governo federal promove toda uma sorte de “espetáculos” como o que
vimos no “Ato Sindical Unitário”, que inclui expedição de certidões de óbitos,
homenagens institucionais a militantes mortos (patrocinadas em muitos casos
pelos próprios herdeiros do regime militar) e, o mais “importante”, é claro:
“as generosas indenizações reparatórias”, como se a ideologia dos combatentes
da esquerda revolucionária pudesse ser precificada.
Desgraçadamente, a maioria das organizações que se proclamam marxistas
como o PSTU, além de ex-militantes e familiares das vítimas da repressão
militar, aceitou o “convite” para “celebrar” o advento da democracia burguesa e
suas iniciativas “compensatórias”.
Os heroicos combatentes da esquerda, que de arma em punho enfrentaram os
organismos da repressão policial-militar, não estavam entregando suas vidas em
nome da causa “democrática” ou em defesa programática do “estado de direito”,
estavam sim combatendo decididamente pela abolição da exploração da classe
operária e pela revolução socialista em nosso país.
Em nossa modesta homenagem aos que tombaram ou foram torturados pelos
facínoras a serviço do capital, reafirmamos a vigência do marxismo-leninismo, a
necessidade da construção do partido revolucionário e a manutenção da
estratégia da guerra de classes para sepultar o modo de produção capitalista em
todos os seus “formatos” políticos e institucionais.
Ao contrário do PSTU e seus afins, declaramos sem nenhuma dissimulação
ou artifícios que os dirigentes da LBI que militaram no período da ditadura
militar (1964-1984) não reivindicam e nem tampouco aceitam receber do Estado
burguês, através de seus governos da ordem (PT, PSDB), nenhum tipo de
“reparação” financeira ou reconhecimento político “democrático”.
Nossa “recompensa” pelos sacrifícios militantes e perseguições
policiais sofridas só poderá ser concedida pela classe operária, que de forma
abnegada e sincera reconhece historicamente seus melhores combatentes e heróis
que não se deixaram corromper ou cooptar pelas cantilenas deste regime da
“democracia dos ricos”.
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