Muito interessante esta
publicação do Jornalista e escritor Celso Lungaretti em defesa do comandante
Che Guevara e que, como muitos blogueiros já o fizeram, coube a eu fazer a
minha parte, ou melhor, chegou a minha vez de fazer a republicação desta bonita
matéria...
Antes, porém gostaria de dizer
que também sou um admirador de Che, que, aliás, há alguns anos atrás eu recebi de
presente de um velho amigo que conheci no período que estive lá em San
Nicolás/Santa Fé, (membro histórico do Partido Comunista Argentino) um livro
inédito sobre a vida de Che que foi publicado com somente 1000 exemplares, e
sem que este pudesse ser reproduzido ou vendido para fora da Republica
Argentina.
Esta era a pré-condição de seus
familiares ao autorizarem a publicação de fotos e fatos inéditos sobre a vida
de seu ilustre parente.
Bem, ocorre que “gentilmente” eu
cometi o deslize de emprestar este livro para um amigo Argentino que era natural
de Córdoba (cidade natal de Che) e este, passado uns meses no ano de 2004/2005 (esperei
que me entregasse ao ler o livro), como isso não ocorreu, eu fui buscá-lo e,
pra minha surpresa recebi a noticia de que seus filhos haviam extraviado o meu
presente...
Aff, ingenuidade de minha parte,
emprestar um livro raro para um Argentino natural de Córdoba que também nutria
simpatias com a história de Che... Enfim, segundo me comentou, o livro escafedeu-se
rsrsrsrs. Nunca mais terei um livro desses...
Bem, sem me alongar no assunto de
livros, outro fato aconteceu comigo quando emprestei outro livro raro, desta
vez foi “Trotski Minha Vida” uma edição antiga e rara, livro completíssimo que
fora desmembrado anos mais tarde em vários livros de Leon Trotski. Eu havia
comprado esse livro num sebo em Florianópolis, na verdade o vendedor recebeu-o
num dia e eu adquiri-o no outro.
Como já tinha ocorrido antes,
novamente apareceu um “amigo” professor que fazia parte do núcleo dos municipários
que incluía funcionários públicos, professores etc., (que eu também me reunia) durante
um curso de formação política no PSTU, e ao ver o livro disse-me: Carlão, minha
companheira está fazendo biblioteconomia na UFSC e está se especializando na reconstituição
de livros e capas etc. esse livro ai poderia ficar mais bonito, se quiser eu
entrego a ela e assim que estiver pronto eu te devolvo sem custo algum...
Não deu outra, passei o livro a
ele e fiquei no aguardo. Estou desde 1999 esperando a entrega do meu livro raro
“Trotsky Minha Vida” rsrsrsrsrs...
Amanhã (8) este blogue completará cinco anos, com quase 700 seguidores e mais de 770 mil visualizações de páginas, originárias do Brasil (600 mil), EUA (90 mil), Rússia (16,7 mil), Portugal (13 mil) e Alemanha (6,2 mil), principalmente.
Os textos postados estão na casa de 2,1 mil, sendo mais de 300 com o marcador Cesare Battisti; quando da libertação do escritor que a Itália queria silenciar, o total já era de aproximadamente 250.
Foi a mais prolongada e --considerando-se a extrema desigualdade de forças--, surpreendentemente vitoriosa campanha assumida pelo blogue, que também se colocou ao lado do cineasta Roman Polanski; do ex-etarra Joseba Gotzon; de Julian Assange, Bradley Manning e Edward Snowden, que escancararam para o mundo a nudez do rei; da iraniana Sakineh Ashtiani, quase-vítima da intolerância medieval; do movimento estudantil em geral e dos universitários da USP em particular (pois submetidos a controle policial como nos piores tempos da ditadura militar); e do de outros humilhados e ofendidos no dia a dia brasileiro.
Afora as lutas travadas contra as múltiplas facetas e manifestações do autoritarismo, inclusive no seio da web; e a defesa permanente dos direitos humanos, dos ideais revolucionários e da memória da resistência à ditadura de 1964/85, da qual tenho orgulho de haver participado, ao lado de alguns dos melhores cidadãos que este país já produziu.
Afora as lutas travadas contra as múltiplas facetas e manifestações do autoritarismo, inclusive no seio da web; e a defesa permanente dos direitos humanos, dos ideais revolucionários e da memória da resistência à ditadura de 1964/85, da qual tenho orgulho de haver participado, ao lado de alguns dos melhores cidadãos que este país já produziu.
Uma característica fundamental do Náufragoé ser um blogue de resistência, partícipe do bom combate.
Daí a existência de muitos posts dedicados a polêmicas como a que travei com Olavo de Carvalho (vide aqui), as que Elio Gaspari (vide aqui, aqui e aqui) e Mino Carta (videaqui, aqui e aqui) não ousaram travar, à que o juiz da Carta Capital iniciou e não concluiu (vide aqui, aqui e aqui), a um sem-número de confrontos com o reacionarismo da grande imprensa (aqui, aqui e aqui estão alguns exemplos), etc.
Tenho a característica pessoal de responder sempre de bate-pronto aos textos que me causam indignação, o que geralmente me permite introduzir a linha de argumentação que outros articulistas adotarão. Talvez um dos casos em que isto ficou mais evidente foi a refutação que divulguei (*) numa manhã de sábado, tão logo chegava às bancas a imunda Veja com um panfleto de capa difamando o heroico comandante Che.
Os 40 anos da morte de Ernesto Guevara Lynch de la Serna, a se completarem no próximo dia 9, dão ensejo a uma nova temporada de caça ao mito Che Guevara por parte da imprensa reacionária, começando por Veja, que acaba de produzir uma das matérias de capa mais tendenciosas de sua trajetória.
Não houve, em momento algum, a intenção de se fazer justiça ao homem e dimensionar o mito. A avaliação negativa precedeu e orientou a garimpagem dos elementos comprobatórios. Tratou-se apenas de coletar, em todo o planeta, quaisquer informações, boatos, deturpações, afirmações invejosas, difamações, calúnias e frases soltas que pudessem ser utilizadas na montagem de uma furibunda catilinária contra o personagem histórico Ernesto Guevara, com o propósito assumido de se demonstrar que o mito Che Guevara seria uma farsa.
E são simplesmente risíveis as lágrimas de crocodilo que a Veja derrama sobre o túmulo dos “49 jovens inexperientes recrutas que faziam o serviço militar obrigatório na Bolívia” e morreram perseguindo os guerrilheiros. Além de combater um inimigo que tinha esmagadora superioridade de forças e incluía combatentes de elite da maior potência militar do planeta, Guevara ainda deveria ordenar a seus comandados que fizessem uma cuidadosa triagem dos alvos, só disparando contra oficiais...
Típica também – e não por acaso -- da retórica das viúvas da ditadura é esta afirmação da Veja sobre o legado de Guevara:
Daí a existência de muitos posts dedicados a polêmicas como a que travei com Olavo de Carvalho (vide aqui), as que Elio Gaspari (vide aqui, aqui e aqui) e Mino Carta (videaqui, aqui e aqui) não ousaram travar, à que o juiz da Carta Capital iniciou e não concluiu (vide aqui, aqui e aqui), a um sem-número de confrontos com o reacionarismo da grande imprensa (aqui, aqui e aqui estão alguns exemplos), etc.
Tenho a característica pessoal de responder sempre de bate-pronto aos textos que me causam indignação, o que geralmente me permite introduzir a linha de argumentação que outros articulistas adotarão. Talvez um dos casos em que isto ficou mais evidente foi a refutação que divulguei (*) numa manhã de sábado, tão logo chegava às bancas a imunda Veja com um panfleto de capa difamando o heroico comandante Che.
'VEJA' MIRA GUEVARA E
ACERTA O PRÓPRIO PÉ
ACERTA O PRÓPRIO PÉ
"Veja conversou com historiadores, biógrafos, antigos companheiros de Che na guerrilha e no governo cubano na tentativa de entender como o rosto de um apologista da violência, voluntarioso e autoritário, foi parar no biquíni de Gisele Bündchen, no braço de Maradona, na barriga de Mike Tyson, em pôsteres e camisetas”, afirma a revista, numa admissão involuntária de que não praticou jornalismo, mas, tão-somente, produziu uma peça de propaganda anticomunista, mais apropriada para os tempos da guerra fria do que para a época atual, quando já se pode olhar de forma desapaixonada e analítica para os acontecimentos dos anos de chumbo.
Assim, por exemplo, a Veja faz um verdadeiro contorcionismo retórico para tentar tornar crível que, ao ser preso, o comandante guerrilheiro teria dito: "Não disparem. Sou Che. Valho mais vivo do que morto". Ora, uma frase tão discrepante de tudo que se conhece sobre a personalidade de Guevara jamais poderá ser levada a sério tendo como única fonte a palavra de quem posou como seu captor, um capitão do Exército boliviano (na verdade, eram oficiais estadunidenses que comandavam a caçada).
É tão inverossímil e pouco confiável quanto a “sei quando perco” atribuída a Carlos Lamarca, também capturado com vida e abatido como um animal pelas forças repressivas.
E são simplesmente risíveis as lágrimas de crocodilo que a Veja derrama sobre o túmulo dos “49 jovens inexperientes recrutas que faziam o serviço militar obrigatório na Bolívia” e morreram perseguindo os guerrilheiros. Além de combater um inimigo que tinha esmagadora superioridade de forças e incluía combatentes de elite da maior potência militar do planeta, Guevara ainda deveria ordenar a seus comandados que fizessem uma cuidadosa triagem dos alvos, só disparando contra oficiais...
É o mesmo raciocínio tortuoso que a extrema-direita utiliza para tentar fazer crer que a morte de seus dois únicos e involuntários mártires (Mário Kozel Filho e Alberto Mendes Jr.) tenha tanto peso quanto a de quatro centenas de idealistas que arriscaram conscientemente a vida e a liberdade na resistência à tirania, confrontando a ditadura mais brutal que o Brasil conheceu.
“No rastro de suas concepções de revolução pela revolução, a América Latina foi lançada em um banho de sangue e uma onda de destruição ainda não inteiramente avaliada e, pior, não totalmente assentada. O mito em torno de Che constitui-se numa muralha que impediu até agora a correta observação de alguns dos mais desastrosos eventos da história contemporânea das Américas”.
Assim, a onda revolucionária que se avolumou na América Latina durante as décadas de 1960 e 1970 teria como causa “as concepções de revolução pela revolução” de Guevara e não a miséria, a degradação e o despotismo a que eram submetidos seus povos. E a responsabilidade pelos banhos de sangue com que as várias ditaduras sufocaram anseios de liberdade e justiça social caberia às vítimas, não aos carrascos.
É o que a propaganda enganosa dos sites fascistas martela dia e noite, tentando desmentir o veredicto definitivo da História sobre os Médicis e Pinochets que protagonizaram “alguns dos mais desastrosos eventos da história contemporânea das Américas”.
Não existe muralha nenhuma impedindo a correta observação desses episódios, tanto que ela já foi feita pelos historiadores mais conceituados e por braços do Estado brasileiro como as comissões de Anistia e de Mortos e Desaparecidos Políticos. Há, isto sim, a relutância dos verdugos, de seus cúmplices e de seus seguidores, em aceitarem a verdade histórica indiscutível.
E a matéria de capa da Veja não passa de mais um exercício do jus sperniandi a que se entregam os que têm esqueletos no armário e os que anseiam por uma recaída totalitária, com os eventos desastrosos e os banhos de sangue correspondentes.
* os mais atentos poderão notar que este artigo, de outubro de 2007, é anterior à existência do blogue. Foi postado pela primeira vez noutra página virtual minha, O Rebate. Depois, contudo, eu o incluí no Náufrago, tendo sido muito acessado também no novo endereço. Afora ser, até hoje, meu texto mais reproduzido em espaços alheios.
* os mais atentos poderão notar que este artigo, de outubro de 2007, é anterior à existência do blogue. Foi postado pela primeira vez noutra página virtual minha, O Rebate. Depois, contudo, eu o incluí no Náufrago, tendo sido muito acessado também no novo endereço. Afora ser, até hoje, meu texto mais reproduzido em espaços alheios.
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