Órgão exigiu que o sítio à representação brasileira seja interrompido. Prédio está cercado desde segunda por tropas leais ao governo interino.
O Conselho de Segurança da ONU condenou nesta sexta-feira (25) o cerco da Embaixada do Brasil em Honduras e exigiu que ele seja imediatamente interrompido. A sede da diplomacia brasileira está cercada desde segunda-feira, quando o presidente deposto Manuel Zelaya voltou de surpresa à capital, Tegucigalpa, e abrigou-se na Embaixada do Brasil, gerando uma crise política e diplomática.
"Nós condenamos os atos de intimidação contra a Embaixada do Brasil e exigimos que o governo de facto de Honduras cesse o certo", disse a repórteres a embaixadora norte-americana para a ONU, Susan Rice, que atualmente preside o conselho.
A reunião, que ocorreu a pedido do Brasil, ateve-se ao tema da segurança da representação diplomática e não tocou no assunto do futuro político de Honduras.
O chanceler Celso Amorim críticou a situação humanitária da embaixada. O chanceler também pediu ao presidente de fato de Honduras, Roberto Micheletti, que respeite a Convenção de Viena sobre a inviolabilidade das sedes diplomáticas.
"É imperativo que o regime de Honduras cumpra a Convenção de Viena sobre a inviolabilidade das representações diplomáticas", disse Amorim no conselho.Nos acontecimentos do dia, a Polícia de Honduras jogou gás tóxico próximo à Embaixada, denuncia Zelaya. Abrigados na representação brasileira respiram com dificuldade, diz. Porta-voz da polícia negou a acusação feita pelo presidente deposto
O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, denunciou nesta sexta-feira (25) que a Embaixada do Brasil em Tegucigalpa, onde ele está abrigado, teria sido atingida por um "gás tóxico". Ele pediu a intervenção urgente da Cruz Vermelha Internacional, segundo a France Presse.
"Espalharam um gás tóxico que os militares usam para evacuar gente. As 60 pessoas que estão aqui estão tentando respirar no pátio", disse. Ele reclamou que estava usando máscara e "com a garganta seca".
Um fotógrafo da AFP que está na Embaixada disse ter visto pessoas vomitando sangue.
A polícia desmentiu o ataque e acusou Zelaya de mandar "mensagens falsas" à comunidade internacional.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta sexta-feira (24) que falou com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, sobre a necessidade de os dois presidentes conversarem sobre Honduras.Lula falou com jornalistas em Nova York, antes de embarcar para Pittsburgh, onde acontece a reunião do G20.
"Encontrei na entrada com o presidente Obama e nós combinamos de conversar de Honduras em Pittsburgh onde nós vamos ter mais tempo, vamos ficar mais juntos", disse o presidente. Ao ser questionado sobre se iria pedir o apoio de Obama para uma intervenção do Conselho de Segurança das Nações Unidas em Honduras, Lula disse que "certamente" irá pedir o apoio do norte-americano.
Lula voltou a defender o presidente de Honduras, Manuel Zelaya, que está abrigado na embaixada do Brasil desde segunda-feira (21), e disse esperar que o governo golpista preserve a integridade da embaixada brasileira. "Esperamos que o governo golpista não faça nada com a embaixada brasileira porque isso faz parte de convenções internacionais, sempre foi assim na história do mundo moderno".
O presidente também afirmou que é preciso ter paciência e aguardar que a missão da Organização dos Estados Americanos (OEA) chegue a Honduras e tome providências. "Eu espero que a OEA, que está pra ir lá, compareça a Honduras. Pedimos para o Conselho de Segurança que se reunisse e esperamos que a embaixada brasileira não seja violada".
Lula voltou a dizer que o Brasil não irá reconhecer o presidente que for eleito para governar Honduras se as eleições forem coordenadas pelo governo interino. A eleição presidencial no país está marcada para o dia 29 de novembro.
"Se a eleição for feita sob a coordenação de quem deu o golpe essa eleição não vai ser reconhecida pela maior parte do mundo e eu acho que Honduras sofrerá problemas sérios. Acho que a decisão da OEA, da Unasul, os países da Europa, é de não reconhecer o presidente que for eleito se for numa eleição coordenada pelos golpistas", disse.
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