sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

O PARTIDO DOS TRABALHADORES É UMA PIRÂMIDE FINANCEIRA DE FATO E ATO!!!







Por Carlos Alberto Bento da Silva - Jornalista

Vou tentar explicar, embora eu pretenda escrever um livro sobre este assunto. Pretensão? Não! Pretensão é ficar com a bunda colada na cadeira ou no sofá falando da vida dos outros, sem qualquer base concreta, política ou mesmo ideológica (porque não?). Então, funciona assim: Os movimentos sociais servem como massa consumidora e multiplicadora de dividendos políticos que permitem a perpetuação de dirigentes em escala de rodízios, onde alguns, pegos com a mão na cumbuca, mesmo havendo um núcleo político atuante no Congresso Nacional e nos Ministérios de estado, justamente para tentarem retardar as descobertas, mas que, acontecendo, trocam-se os peões e a roda gira. Quando algum dirigente entra em desgraça, outro certamente assumirá.

O PT luta pelo socialismo? Eu me arrisco a dizer que não. Primeiramente, Socialismo pressupõe-se “sociedade sem classes” onde os meios de produção (fabricas, agronegócios, indústrias, agricultura etc., são de uso coletivo, ou seja, pertencem ao estado, aos trabalhadores que administram coletivamente. O Sistema financeiro é estatal, a terra é propriedade do estado e o governo é dos trabalhadores, não havendo o direito de herança. Resumindo: O PT utiliza-se de discursos socialistas, em cooptação dos movimentos sociais, da hegemonia no movimento sindical e rural, tendo apoio cego e assessoria eterna da chamada base progressista (de araque e mentirosa) da Igreja Católica, mais conhecida como Teologia da Libertação, que, em sintonia com o partido, busca apenas se eternizar enquanto instituição. Esses energúmenos, bandidos, mal intencionados, de batinas, sabem perfeitamente que sua aproximação com as etnias indígenas provoca-lhes doenças e mortes, além de que, o seu papel histórico é de eliminação física do meu povo. Catequizar significa eliminar a cultura indígena e prover-lhes o modo branco de viver. Significam doenças, leis alienígenas e regras obscuras, submissão e expropriação de nossas terras históricas, berço de nosso povo. Suas ONGs estão a serviço de nossa destruição, de nossa capitulação diante da ganância do homem branco. De maneira geral a atuação da chamada Teologia da Libertação tem o papel histórico de trazer no cabresto os povos empobrecidos, dentro do marco capitalista da exploração de classe e em consonância com a “Pirâmide Financeira Petista, e justamente nesse período da história, tem mostrado mais serviço para os seus pares mafiosos.

Ah, mas eu estava esquecendo a PEC 215 (Proposta de Emenda Constitucional), que pretende transferir do Poder Executivo para o Congresso Nacional a atribuição de oficializar Terras Indígenas, Unidades de Conservação e territórios quilombolas. Quando eu escrevo e digo que a Presidente Dilma Rousseff é xenófoba, eu estou dizendo a verdade. Como húngara descendente, falta-lhe geneticamente o sentimento de brasilidade em plenitude. A mudança de atribuições do executivo para o Congresso Nacional é inconstitucional, e fere mortalmente o Artigo 231 da Constituição Federal que garante os direitos indígenas na demarcação de áreas, como prerrogativas do Presidente da República.

Mas como comentei esta necessidade estratégica do Partido dos Trabalhadores em ascender o topo da Pirâmide financeira (que inclui roubar os ativos financeiros das estatais que comanda), leva-os a acordos com setores aliados, fortemente ligados as questões latifundiárias e ambientais, tanto do próprio PT, nos projetos eleitoreiros de construção de usinas hidrelétricas em terras históricas dos povos originários, quanto aos interesses da bancada ruralista e das oligarquias.

As linhas auxiliares existentes na atuação de outros partidos em épocas de eleição, não passam de inocentes úteis dentro deste objetivo final, que é o sucesso da “Pirâmide Financeira Petista”.

Nossa atual geração se dará ao luxo histórico de assistir, sem ter forças para combater, este engodo chamado de PT, que serve como divisor entre a verdadeira esquerda e as massas populares. Você nem precisa acreditar, pois tem o livre arbítrio. E, por favor, não me apresente números sociais fantasiosos...

 Para o PT, manter-se no poder para atingir seus objetivos financeiros, significa também emprego por mais de uma década para militantes em cargos comissionados, em Ministérios de governo, no fomento de ONGs militantes do partido, que de objetivos ideológicos, não tem nada a ver com a busca de uma sociedade socialista, e que de fato e ato, são apenas máquinas burocráticas, ilegais e imorais de fazer dinheiro fácil. Trata-se na verdade de uma gang muito bem articulada que funciona com estratégias semelhantes às de algumas igrejas pentecostais, que se utilizam da miséria e da desesperança de parcelas empobrecidas da população, para enriquecimento de suas lideranças. 


Eis ai o governo xenófobo, oportunista, mafioso e impostor, sob o comando do Partido dos Trabalhadores.

 Dividir, roubar e mentir, é a máxima petista pela manutenção do poder burguês do qual este “partido amarelo” representa de forma bem dissimulada e com maestria...

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Em defesa do direito à separação do Leste ucraniano e sua unificação com a Rússia. Derrotar o governo golpista e pró-imperialista imposto em Kiev!


Por Liga Bolchevique Internacionalista

Há cerca de um mês da unificação da Península da Crimeia com a Rússia, abre-se mais um capítulo no cenário político da Ucrânia, onde diversas cidades se levantam contra o domínio dos neo-nazistas pró-ianques, principalmente na altamente desenvolvida região Leste do país. Na cidade de Kharkiv milhares de manifestantes ocuparam sedes do governo local, em Donetsk e Lugansk inúmeros prédios públicos foram tomados de assalto. Para se ter uma dimensão exata do processo, Donetsk é o mais importante polo industrial do país com uma grande concentração proletária, o qual já decretou a independência, se autointitulou Republica Popular e marcou através de sua ação direta um “referendo” para o dia 11 de maio acerca da sua incorporação à Rússia. Estas regiões não aceitam o “comando” do país pelo golpista neo-nazista Oleksander Turchinor, não por uma simples causa “étnica” como quer passar o conto de sereia da mídia “murdochiana”, mas sim como produto da corajosa determinação do proletariado do Leste ucraniano em combater o governo imposto pela Casa Branca. A radicalização foi tão intensa que em Lugansk manifestantes mantiveram como reféns 60 agentes no prédio da sede local do Serviço Secreto da Ucrânia, se valendo do uso de dinamites e com armas em punho, prometendo resistir com todas as suas forças à repressão. Neste contexto explosivo, não foi à toa que o imperialismo lançou suas ameaças através do Secretário Geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen: “Se a Rússia intervir mais na Ucrânia será um erro histórico... Teria graves consequências para nossa relação... e a isolaria ainda mais internacionalmente” (O Estado de S.Paulo, 8/4). Logo, os estrategistas do Pentágono em socorro a Kiev trataram de “arrefecer” os ânimos das massas através de dura repressão, se valendo de militantes neo-nazistas (“Setor Direito”) e tropas mercenárias norte-americanas (“Blackwaters”) – as mesmas que foram responsáveis por terríveis massacres no Iraque ocupado. O Kremlin lançou um comunicado no qual pede “imediatamente o fim quaisquer ações militares, que aumentem o risco de uma guerra civil” (Russia Today, 7/4), elevando o nível das tensões militares na região.

Donetsk é a cidade natal do presidente Viktor Yanukovich deposto pelos neo-nazistas em 22 de fevereiro, faz parte do leste ucraniano região considerada como o “coração” industrial do país que além de possuir uma classe operária extremamente concentrada comporta a maioria russa, razão pela qual se transformou em um grande centro de repúdio ao governo golpista recém-instalado em Kiev. O que para o imperialismo é algo “ilegal” como alerta o garoto de recados dos “Falcões” J. Kerry, “O que vemos da Rússia é um esforço ilegal e ilegítimo para desestabilizar um Estado soberano e criar uma crise artificial”, para a classe operária é a forma de resistir à ofensiva neo-nazista que visa incorporar a região aos interesses das grandes corporações americanas e europeias. Desde a Praça Lenin (símbolo o qual a mídia “murdochiana” procura ao máximo ocultar de seus noticiários!), os manifestantes que ocupam há três dias o prédio do governo local proclamaram um “governo popular”, independente, desfraldando bandeiras russas e comunistas. Os levantes do Leste ucraniano como podemos constatar, apesar de seus limites intrínsecos colocam, por terra a tese estúpida dos morenistas que afirmam categoricamente “a voz dos trabalhadores não se fez ouvir” (site PSTU, 3/7), mas caracterizam oportunística e fraudulentamente que houve uma “revolução” na Ucrânia, postando-se com a maior cara de pau no campo do imperialismo, tal como aconteceu na Líbia, Egito...!

Evidentemente que o caráter de classe do governo russo o coloca no campo do limitado enfrentamento com o imperialismo, mas os revolucionários não podem ficar “neutros” diante da ofensiva fascista em todo o planeta e em particular sobre o território ucraniano em uma concreta possibilidade de guerra. Nós, Marxistas-Leninistas estaremos na trincheira de guerra do governo Putin, lutando no mesmo campo militar, contudo com total independência política face às hesitações e covardia das burguesias nacionais diante da possibilidade de um conflito em escala regional e consequentemente ampliado em nível mundial. Na atual conjuntura mundial, uma derrota do imperialismo num conflito bélico seria um excelente estímulo, um fermento para a luta de todos os povos do planeta em direção à destruição do monstro ianque e seus sócios europeus. Ou seja, a derrota do imperialismo é um norte estratégico para os revolucionários e ativistas anti-imperialistas de todo o mundo. Façamos nossas as palavras do “velho mestre”: “Os revolucionários proletários não devem nunca esquecer o direito das nacionalidades oprimidas a dispor de si próprias, inclusive o seu direito à completa separação, e o dever do proletariado da nação que oprime a defender este direito, inclusive, se necessário, com armas na mão!” (Leon Trotsky, O Problema Nacional e as Tarefas do Partido Proletário, abril 1935). Por esta razão estamos pelo direito a separação do leste ucraniano e por sua unificação com a Rússia, chamando o proletariado de Kiev a derrotar o governo fascista e golpista made in CIA.

Desta forma, seria criminoso por parte de um partido revolucionário adotar o abstencionismo como estratégia ou se colocar descaradamente no campo programático das “revoluções democráticas” levadas a cabo pela CIA ou aclamando a chuva de bombas da Otan como ardorosamente defende a canalha morenista. Na Ucrânia, a exemplo da Líbia, delineia-se mais uma guerra de rapina para tomar os recursos energéticos controlados pela Rússia que foi transformada em uma semicolônia após a destruição contrarrevolucionária da URSS. A derrota do governo golpista imposto pelo Departamento de Estado norte-americano é um primeiro passo para a vitória do proletariado ucraniano e russo diante da ofensiva nazi-fascista que assola o mundo inteiro insuflada pelo “falcão negro” Obama e um exemplo a ser seguido pela classe operária internacional.

terça-feira, 4 de março de 2014

CHUTANDO O PAU DA BARRACA...





Por Carlos Alberto Bento da Silva
Jornalista - MTb 4028/SC


A ideologia de um militante não é aquela que está incrustada forçosamente na mente do universo pensante de seus desafetos ou adversários políticos, e sim, é a aquela que está no seu gene mental, no seu coração e na sua origem...

Ademais, as manipulações sempre provem de ervas daninhas que infestam a natureza legítima dos movimentos sociais verdadeiros e, não aqueles fabricados... 

Para os oportunistas, diante de uma legislação fragilizada, torna-se muito fácil criar um movimento social da mesma causa, sobre outro já existente, e a seguir fundar uma ONG picareta...

Dentro deste paraquedismo pirotécnico e oportunista "trocentas” ONGs se "trucidam" atrás de verbas públicas para o enriquecimento privado e ilícito de seus dirigentes. Um verdadeiro assalto aos cofres público...

Seria oportuno uma CPI ("transparente") das ONGs, que faça uma devassa nas prestações de contas dos últimos 10 anos e proponha mudanças radicais no estatuto do chamado 3º Setor, proibindo o uso de dinheiro público para funcionamento dessas máquinas criminosas...

Este evento investigativo iniciaria com a indisponibilidade financeira e dos bens de todos os "dirigentes" e laranjas dessas entidades alienígenas...

A tarefa e, a obrigação política e social no país cabe unicamente as esferas federais. O resto são ações criminosas a serviço de interesses escusos que catapulta partidos políticos e seitas religiosas que, sob o manto de "o estado é laico" e de uma legislação nefasta, criam legiões de fanáticos e verdadeiras quadrilhas financiadas pelo erário...

Não obstante, vale lembrar que o Brasil é talvez o único país do mundo que permite tamanha aberração...

Aqui, ONGs se alastram pelo interior do Brasil e nele se instalam como verdadeiros donos da verdade e, ao arrepio da lei ditam regras e caminhos escusos aos interesses das comunidades urbanas, do campesinato e de nações indígenas, como se fossem autoridades oficiais, caracterizando assim uma completa inversão de papéis...

 Não se trata, neste caso, desta matéria, estar firmando um pensamento nacionalista exacerbado, muito pelo contrário, o de apenas impedir os crimes de lesa-pátria protagonizados por falcatruas a serviço de dogmas perversos, de setores fascistas existentes, e de nações imperialistas acobertadas, que historicamente dizimam o nosso povo dentro de suas estratégias abomináveis...

Na atual conjuntura política e social que o Brasil atravessa, essas ONGS servem apenas para impedir o crescimento dos verdadeiros movimentos sociais e de partidos políticos de matiz marxistas revolucionários e populares, sendo que, dispensar essa interferência de “Judas” e de “apêndices da burguesia”, é salutar e estratégico, para uma confiante busca permanente de justiça social e do socialismo enquanto ideologia sem classes...

Numa avaliação inicial e sem critérios científicos, tornam-se muito fácil entender os reclamos e nossa indignação frente à falta de verbas para investimentos na educação planificada, na moradia, na reforma agrária, na demarcação de áreas indígenas e na saúde pública, como elementos fundamentais na busca da igualdade social...

A copa dos ricos e os subsídios governamentais para atividades religiosas recentes e, a criação de ministérios de governo sem projetos e recursos que justifiquem a sua criação, e o desvio de dinheiro público para a educação privada, são indícios próprios de governos fisiologistas, corruptíveis, exibicionistas e egocêntricos, a serviço das classes abastadas e do imperialismo internacional...

A criminalização dos movimentos sociais legítimos, com a reedição “camaleão” de instrumentos jurídicos repressivos que, aliados a um aparato militarizado, de uma imprensa com bandeira entreguista e de teor fascista, sem qualquer forma de “freio” ou regulamentação estatal para o seu devido objetivo, são um atentado hediondo contra os direitos humanos e contra a democracia constitucional, pois ferem a lei da probidade administrativa, da moral e da ética na política e, se caracterizam como formação de quadrilhas e terrorismo de estado...

Criar uma CPI sobre os desvios de funções do STF, outra CPI sobre o papel constitucional das FFAA, extinguir as Policias Militares no Brasil, e acabar com o “instituto” do ‘direito’ de reeleição para cargos eletivos federais e estaduais, incluindo a presidência da república e a extinção do Senado, é um anseio concreto no universo pensante da população...

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

30 anos do MST: Do ascenso das ocupações de terra pela reforma agrária a um obstáculo na luta pela revolução agrária no Brasil


Por Liga Bolchevique Internacionalista

Iniciou-se na segunda-feira, 10 de fevereiro, o 6º Congresso Nacional do MST, celebrando seus 30 anos de fundação. Tendo como lema “Lutar, construir Reforma Agrária Popular”, 15 mil militantes e ativistas participam de sua maior instância de decisão. Segundo a direção do MST, o principal objetivo do Congresso Nacional do MST é “discutir e fazer um balanço crítico da atual situação do movimento, traçar novas formas de luta pela terra, pela reforma agrária e por transformações sociais, além de comemorar seus 30 anos de existência. Também será um momento de reafirmar um novo programa da Reforma Agrária para o país: a Reforma Agrária Popular”. No dia 13/02 acontece um ato político com a participação de movimentos sociais, intelectuais e de representantes do PT, PCdoB e PSB-Rede como os governadores do Rio Grande do Sul, Tarso Genro e do Amapá, Camilo Capiberibe, além do presidente nacional do PT, Rui Falcão, que buscam o apoio do MST para as candidaturas de ambos partidos. João Pedro Stédile inclusive já declarou publicamente que o MST tem simpatia por Dilma e Campos que representariam um mesmo “projeto popular” contra a candidatura tucana de Aécio Neves. Só esta declaração em apoio a presidenciáveis sem qualquer compromisso com a reforma agrária e a completa paralisia do MST durante os governos Lula/Dilma já são um bom debate a ser tratado no seio do Movimento. Para além destas questões, faz-se necessário fazer realmente um balanço militante e crítico do MST, refirmando que desde já nos colocamos publicamente contra qualquer ataque do aparato repressivo do Estado burguês e seus governos, sejam de “esquerda” ou de “direita” aos militantes do MST que lutam contra o latifúndio.


O MST surge impulsionado pela luta contra a conservadora modernização capitalista que dominou a agricultura brasileira nas décadas de 60 e 70 e aguçou os conflitos agrários, mantendo a arcaica estrutura do grande latifúndio e explorando ainda mais o trabalhador rural, principalmente nos estados de São Paulo e no Sul do país, onde nasceu o embrião do movimento. Sua origem está diretamente vinculada à ascensão de um sindicalismo combativo em contraposição ao velho peleguismo, ao avanço da influência da igreja no movimento dos trabalhadores rurais, devido o trabalho das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), além da própria fundação do PT em 1980. Apesar da radicalização de algumas ações do MST, a sua direção defende um programa essencialmente nacional-desenvolvimentista, cuja concepção reformista está muito clara no editorial da revista Sem Terra que apresenta a reforma agrária como uma causa “de todos os brasileiros e brasileiras”, e defende “construir uma nação livre, rica e justa. Uma nação de cidadãos, sem excluídos”, contrapondo a necessidade de “um projeto nacional efetivamente novo oposto ao modelo econômico adotado pelo capital internacional e aplicado no Brasil. São as ações práticas do MST que revelam sua perspectiva reformista. A defesa de ocupações somente em terras improdutivas, respeitando os limites impostos à reforma agrária pela Constituição brasileira, prova que efetivamente a direção do MST nega-se a promover uma ruptura com a institucionalidade burguesa, mantendo ilusões no apodrecido regime capitalista, buscando apenas retocá-lo.


O “Novo programa da Reforma Agrária para o país” na verdade não tem nada de novo, ele expressa a própria orientação de adaptação do MST as políticas compensatórias do governo do frente popular. Segundo o site do MST, reportando-se a 30 anos atrás,  “Naquela época, a prioridade era organizar, na luta pela reforma agrária e pelo fim do latifúndio improdutivo, a grande massa de trabalhadores pobres, recém-expulsa do campo pelas políticas ditas modernizadoras da ditadura. Hoje, é requalificar a luta histórica pela terra em um país no qual a combinação da mais oferta de emprego na cidade e políticas sociais se sobrepôs à reforma agrária como opção política para combater a pobreza, condenando esta última à invisibilidade... A questão luta pela terra hoje está fora da pauta da sociedade e do governo. Está cooptada por muitos intelectuais que acham que a reforma agrária e a luta pela terra não existe mais. Portanto, a luta pela terra está despolitizada. Ela tem acontecido, seja a luta dos indígenas, dos quilombolas, dos pescadores, a nossa luta. Mas está escondida, abafada”, afirma Alexandre Conceição, da coordenação nacional do MST. O dirigente reconhece que o volume de ocupações diminuiu, mas atribui o fenômeno menos a desarticulação do movimento do que as pressões da conjuntura. “As famílias vão ficar esperando mais 10 anos para serem assentadas ou vão buscar trabalho nas obras do PAC. O  “novo programa do MST” apresentado pela sua direção controlar o capital especulativo, barrar as privatizações das empresas estatais estratégicas, eliminar os incentivos fiscais às grandes empresas e confiscar o ganho dos especuladores para, com esses recursos, “implementar um programa de investimentos, no apoio à pequena e média empresa, na construção de casas populares, na reforma agrária, no apoio à produção agrícola familiar, na garantia de escolas e atendimento de saúde para gerar empregos e criar um mercado interno de massas”. Todas essas medidas são justas, mas extremamente limitadas, e acabam por patrocinar a ilusão de que é possível um país atrasado e subordinado à opressão imperialista, como o Brasil, construir uma alternativa à recolonização nos marcos de um capitalismo nacional, soberano, fortalecido com “um mercado interno de massas”. Essa é uma utopia reacionária que já levou os trabalhadores a inúmeras derrotas na América Latina!

Desde a LBI compreendemos ser preciso apoiar vigorosamente as mobilizações e lutas dos sem-terra e do MST, mas para que sejamos realmente vitoriosos, para que conquistemos um país livre do jugo imperialista, onde os interesses do proletariado e do campesinato pobre se transformem em poder político, onde as massas tenham emprego e plenas condições de vida é necessário não “mudar o modelo econômico” de neoliberal para nacional-desenvolvimentista como prega a direção do MST — duas variantes políticas do mesmo capitalismo decadente — mas expropriar a burguesia e seus aliados, através do levante revolucionário das massas da cidade e do campo, construindo um Estado operário, um passo na luta pelo socialismo. Para “mudar os rumos da economia” é preciso construir a oposição operário-camponesa ao governo Dilma e forjar as condições para construir um governo operário e camponês, onde o Estado expresse, através da democracia operária, os interesses dos trabalhadores. Para defender as mínimas reivindicações operárias e camponesas, atender os interesses mais elementares das massas, é preciso enfrentar a burguesia, os grandes grupos econômicos, as FFAA e o imperialismo com um programa de ruptura com o capital, pois os interesses das classes na sociedade capitalista são antagônicos e irreconciliáveis. Um real programa operário e camponês deve defender, para tirar as massas da miséria: a reforma agrária com o confisco do latifúndio produtivo para dar terra aos camponeses pobres; todo apoio às ocupações, a nacionalização da terra; garantir terra aos sem-terra e posseiros bem como a propriedade dos pequenos produtores; a ruptura com o FMI e o desconhecimento de todos os títulos dos agiotas financeiros, com a expropriação das fábricas, terras e bancos sob o controle operário. Esse programa somente poderá ser aplicado rompendo com a democracia capitalista e suas instituições (parlamento, justiça), levando a cabo essas medidas através de organismos de poder e organização dos trabalhadores da cidade e do campo, em uma autêntica democracia de conselhos de operários e camponeses. No debate do seu VI congresso é urgente superar o atual programa da direção do MST e levantar uma orientação classista e revolucionária para os milhões de sem-terra e camponeses pobres que esperam um passo concreto e de luta em defesa de suas condições de via. Nesse sentido, a reivindicação histórica de reforma agrária defendida para garantir terra aos sem-terra é uma reivindicação justa, porque consagra o acesso à propriedade aos trabalhadores, historicamente excluídos pela burguesia e pelo latifúndio de terem um pedaço de terra para manter suas famílias e garantir suas mais elementares condições de vida. Apesar da classe operária se colocar pela abolição completa da propriedade privada, ela apóia integralmente a reivindicação dos camponeses pobres por terra contra a classe capitalista latifundiária, que também é sua inimiga histórica, estimulando a sua associação em cooperativas ou a incorporação em fazendas coletivas estatais. Dar terra aos camponeses é uma tarefa democrática incapaz de ser realizada pelo capitalismo decadente e, como essa medida altera as relações sociais no campo, os enfrentamentos entre os sem-terra e o latifúndio assumem características revolucionárias em um país atrasado como o Brasil.

Em essência, a luta pela reforma agrária radical é um choque entre a estrutura latifundiária e reacionária existente no país e a defesa da pequena e média propriedade camponesa, um embate que enfraquece o Estado semicolonial, que assenta sua dominação em uma aliança entre a oligarquia agrária e a burguesia industrial. O MST reivindica a reforma agrária apenas em terras improdutivas e acaba bloqueando a luta dos sem-terra em terras devolutas e muitas vezes sem solo agricultável. A política do MST gera até mesmo o comércio rentável das desapropriações, levando os latifundiários a receberem um valor muito superior por suas terras, pago pelo INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), a título de indenização, em função das ocupações coordenadas pelo MST em suas propriedades devolutas. Até mesmo terras em processo de desertificação recebem altíssimas indenizações do INCRA. Essa política busca estabelecer um acordo com os governos de plantão para impor uma reforma agrária sem abalar a estrutura fundiária. Ao contrário dessa política de colaboração de classes, a resposta proletária à questão da terra é a expropriação geral e revolucionária dos latifundiários sem indenização, através de milícias camponesas, pelo fim do monopólio privado da terra e a sua nacionalização, garantindo terra aos sem-terra e posseiros, bem como a propriedade dos pequenos proprietários rurais, assegurando-lhes assistência técnica, crédito subsidiado ou negativo e a comercialização da produção. O capitalismo, ao se desenvolver na agricultura, pouco a pouco vai passando para as mãos da burguesia financeira, dos bancos, dos industriais, dos grandes comerciantes e da burguesia agrária, as terras que antes eram pertencentes tanto aos latifundiários como aos camponeses pobres, apesar da maior parte do território nacional ainda estar nas mãos do latifúndio. O desenvolvimento desigual e combinado do capitalismo, enquanto levou novas máquinas e técnicas para o campo, também colocou em relevo um novo proletariado agrícola que vive em condições subumanas, sendo superexplorado por seus patrões, como no corte da cana para as grandes usinas de cana-de-açúcar, responsáveis pela fabricação do álcool. As mais produtivas propriedades rurais brasileiras estão hoje nas mãos de grandes monopólios industriais e financeiros. Apenas 46 grandes grupos econômicos controlam sozinhos 20 milhões de hectares. Quase toda a produção agrícola é dominada por grandes empresas agroindustriais pertencentes em maior parte aos grandes monopólios nacionais e estrangeiros. 80% dos alimentos consumidos no Brasil, com exceção das verduras e legumes, passaram por algum processo agroindustrial. Se geograficamente a agroindústria representa pouco no que diz respeito à ocupação do solo, do ponto de vista da produção e do PIB é o setor que alavanca a economia agrária nacional. Os grandes monopólios e bancos controlam a produção agrária. Por exemplo, a produção de tomates é controlada por 4 grandes monopólios: Arisco, Gessy Lever, Círuis. O Grupo Votorantim é o maior produtor brasileiro de laranjas e a Nestlê controlam o rebanho, da produção até a comercialização da pecuária leiteira no Brasil. Nestes casos, onde há o desenvolvimento capitalista da agricultura no campo, a tarefa revolucionária dos camponeses pobres e do proletariado rural é expropriar as grandes empresas agroindustriais, sem indenização, convertendo-as em propriedade coletiva sob a direção dos trabalhadores e não repartindo as terras em pequenas propriedades, o que acabaria com sua alta produtividade. Em síntese, é preciso levar a cabo a revolução agrária, como parte da luta pela revolução socialista.

A enorme mecanização que vem ocorrendo no campo, o emprego e o uso crescente do trabalho assalariado, o domínio sobre a quase totalidade da produção agrícola e da pecuária de grandes monopólios financeiros, industriais e bancários, a posse de terra nas mãos da burguesia não deixam dúvidas sobre o predomínio do capitalismo na agricultura brasileira e, conseqüentemente, de que a principal contradição no campo hoje é entre uma burguesia dona dos meios de produção e, de outro lado, o proletariado rural e os camponeses pobres. A luta pela terra em um país atrasado, com um desenvolvimento desigual e combinado, onde convivem, lado a lado, a mais recente tecnologia de ponta na produção agrária desenvolvida por grandes empresas capitalistas com a agricultura de subsistência, justificam plenamente essas duas consígnias — reforma agrária e revolução agrária — tarefas que se completam. Como dizia Trotsky: "Os problemas centrais desses países coloniais e semicoloniais são: a revolução agrária, isto é, a liquidação da herança feudal, e a independência nacional, isto é, a derrubada do jugo imperialista. Estas duas tarefas estão estreitamente ligadas uma à outra" (Trotsky, Programa de Transição). Expropriar a burguesia agroindustrial e os latifundiários é tarefa colocada para o proletariado rural e os lutadores classistas sem-terra, que devem ter a certeza que só a sua ação direta guiada por um programa e um partido revolucionário, efetivando a aliança operária e camponesa, pode derrotar o poder capitalista no campo e na cidade!