Por Liga Bolchevique Internacionalista
A polícia do governo Sérgio “Caveirão”
invadiu a favela Nova Holanda na noite do dia 24 de junho, do Complexo da Maré,
se utilizando de 500 homens cujo operativo incluía o batalhão do BOPE (Batalhão
de Operações Policiais Especiais), batalhão do Choque e de cães e seus odiados
“caveirões”, além da Força de Segurança Nacional.
A ação visava perseguir supostos
bandidos que efetuavam arrastões durante uma passeata de protestos na Avenida
Brasil, quando em troca de tiros um sargento da PM supostamente fora baleado e
morto, possivelmente em operação de “queima arquivo” entre os próprios
policiais.
Não tardou para que o BOPE tomasse a
favela com uma truculência e selvageria extrema a pretexto de prender o
responsável pela morte do soldado.
Esta operação de guerra se converteu em
uma chacina que teve como saldo, nove mortos, vários feridos e presos, tudo
após agredir violentamente moradores, chutar portas de residências e soltar
cães aleatória e indiscriminadamente contra transeuntes e trabalhadores,
ameaçar com retaliações, jogar bombas de gás, atirar granadas nas redes de
energia elétricas deixando o local às escuras.
Dos nove mortos, pelo menos quatro não
tinham qualquer antecedente criminal, mas foram executados à queima-roupa com
tiros na nuca, o que revela a orientação do alto comando de atirar para matar e
“produzir provas” que atestem os mortos serem bandidos, tal como colocar armas
e drogas nas mãos das vítimas.
Assim testemunhou um parente de um dos
assassinados que era adolescente: “Depois de morto botaram uma arma na mão dele
para incriminar. Nem antecedentes criminais esse menino tinha” (O Dia, 26/6).
Ou então, relata a cunhada de outra vítima “que era garçom, morreu no bar onde
trabalhava com um tiro na cabeça, no Parque União.
Estávamos dormindo e escutamos barulho
de tiros, só tivemos conhecimento da morte do Eraldo quase meia hora depois”
(idem). Nos “autos de resistência” consta que “eram todos bandidos”.
Os assassinos fardados tomaram de
assalto a favela para aparentemente vingar a morte do sargento, o que também é
verdade, mas cumprem objetivamente a função política de espalhar o terror sobre
a população pobre do Rio de Janeiro, onde o Estado capitalista exerce o
monopólio da violência contra os explorados.
Esta criminosa operação de guerra
cumpre a finalidade de espalhar o terror sobre as comunidades pobres das
favelas do Rio de Janeiro, principalmente nesta etapa em que as manifestações
de massas se desrepresam da camisa de força imposta pelas direções sindicais
burocratizadas e no bojo da repressão às passeatas por parte do governo
Cabral/Paes.
Porém, helicópteros, “caveirões”, fuzis
são utilizados indiscriminadamente contra os moradores do subúrbio, após uma
passeata em defesa da redução do transporte público em Bonsucesso.
Nesta trilha, no dia 20, a polícia de
Cabral, com quase um milhão de pessoas nas ruas, foi mobilizada com um efetivo
voltado para reprimir manifestações em diversos bairros da cidade.
Na favela Nova Holanda, as forças foram
desproporcionais e desmedidas, onde a troca de tiros e invasão de residências é
prática rotineira da PM nas comunidades pobres cujas execuções sumárias são um
método sistemático de extermínio levada a cabo pela classe dominante.
Desta forma, “auto de resistência”,
“resistência seguida de morte” e outros artifícios fraudulentos servem para
acobertar os crimes do BOPE que é uma máquina de matar gente e impõe um
verdadeiro estado de sítio sobre as favelas cariocas com as famigeradas UPPs.
Evidentemente, que na periferia e
favelas cariocas a polícia não usa “spray de pimenta”, mas fuzis e os
equipamentos bélicos de última geração para efetivar a sua matança quase que
cotidiana de pobres e negros.
Para o marxismo revolucionário, a
ocupação das favelas tem um preciso conteúdo de classe: serve para oprimir e
aterrorizar a população local (policiais estupram, roubam, traficam,
chantageiam moradores etc.).
Assim age no âmbito internacional o
imperialismo para acobertar sua política genocida sobre países invadidos como o
Iraque, Afeganistão, Líbia... dando vazão para que ações deste tipo adquiram um
conteúdo universal de belicosidade militar e ideológica, logo assimilados e
colocados em prática por governos de plantão como o de Dilma Rousseff, Cabral,
Alckmin etc.
Nesta ótica, fica claro o conteúdo de
classe contra a população explorada das periferias e favelas. Os figurões da
burguesia consomem cocaína de alta qualidade em abundância, importam
carregamentos bélicos para alimentar o crime organizado e comanda sua
distribuição em associação com Cabral e os demais políticos burgueses que
controlam o Estado e o aparelho de repressão (alfândega, monitoramento de
fronteiras, entrada e saída de cargas em portos e aeroportos, etc...).
Nesse cenário, a população pobre do
Complexo da Maré, da Rocinha, do Alemão, Vidigal, Chácara do Céu... são vítimas
desse esquema mafioso e repressivo!
A invasão da PM às comunidades deve ser
repudiada pelo conjunto do movimento operário como mais uma ação voltada a
criminalizar o povo trabalhador que vive nessas áreas completamente
desassistidas, em saúde e educação dignas, enquanto os barões capitalistas da
“high society” e sua mídia “ética” fazem todo tipo de negócios e depois buscam
“laranjas” nos morros para encobrir seus crimes e justificar a ação da máquina
de repressão estatal.
Um negócio bilionário como a distribuição de
cocaína e de armas só pode ser gerido por peixes graúdos do sistema
capitalista, onde os maltrapilhos traficantes são meros “corretores” ou
parceiros da valiosa “mercadoria”, descartáveis frente aos interesses dos
verdadeiros reis do tráfico da estirpe do “Cabralzinho do pó”, como é conhecido
o governador nos meios “cheiradores”.
Quer dizer, os maiores barões do
tráfico não estão nos morros e favelas, mas sim nos palácios e condomínios de
luxo.
Nestes episódios fica absolutamente
cristalino o grande “equivoco” da esquerda revisionista em apoiar as
reivindicações corporativas da Policia Militar, sob o pretexto de solidariedade
sindical indiscriminada de “defesa das greves”.
Apoiar as reivindicações salariais do braço
armado do Estado burguês implica necessariamente dotar a tropa de melhores
condições para reprimir os trabalhadores e a população oprimida.
A tarefa de derrotar a PM assassina, as
FFAA, as milícias e o narcotráfico está nas mãos da classe trabalhadora e do
povo pobre.
Este não pode continuar indefeso contra
a violência organizada do Estado capitalista e seus bandos mafiosos.
Precisa dar um basta a estas chacinas,
organizar comitês de autodefesa pela expulsão do aparato repressivo das
favelas, pela destruição das polícias como parte de um programa revolucionário
que, através da unidade com os trabalhadores da cidade e do campo, exproprie a
burguesia para que sobre os escombros desse Estado burguês corrupto e assassino
se construa um poder de novo tipo, capaz de erguer um modo de produção social
que garanta condições dignas de vida para o conjunto dos que trabalham e não
que sirva para acumular capital a fim de engordar os bolsos de um punhado de
parasitas mafiosos.
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