1. A contra-revolução organizou-se, consolidou-se e, de facto, tomou nas suas mãos o poder de Estado[N105].
A total organização e a consolidação da contra-revolução consistem na união excelentemente estudada e já materializada das três forças contra-revolucionárias principais: 1) o partido dos democratas-constitucionalistas, isto é, o verdadeiro chefe da burguesia organizada, retirando-se do ministério apresentou a este um ultimato, preparando o terreno para o derrubamento deste ministério pela contra-revolução106; 2) o Estado-Maior General e os altos comandos do exército, com a ajuda consciente ou semiconsciente de Kérenski, que até os socialistas-revolucionários mais destacados chamaram agora Cavaignac, tomaram de facto o poder estatal nas mãos, passando a metralhar as unidades revolucionárias das tropas na frente, a desarmar as tropas e os operários revolucionários em Petrogrado e em Moscovo, a sufocar e esmagar Níjni-Nóvgorod, a prender os bolcheviques e a fechar os seus jornais não só sem julgamento mas mesmo sem decreto do governo. De facto o poder estatal fundamental na Rússia é hoje uma ditadura militar; este facto é ainda dissimulado por uma série de instituições revolucionárias em palavras mas impotentes de facto, mas é um facto indubitável e tão fundamental que sem compreendê-lo não se pode compreender nada da situação política. 3) A imprensa monárquica cem-negrista e a burguesa, que já passaram da furiosa campanha contra os bolcheviques para a campanha contra os Sovietes, contra o «incendiário» Tchernov, etc, demonstraram com a maior clareza que a verdadeira essência da política da ditadura militar, que hoje domina na Rússia e é apoiada pelos democratas-constitucionalistas e os monárquicos, consiste em preparar a dispersão dos Sovietes. Muitos chefes socialistas-revolucionários e mencheviques, isto é, da actual maioria dos Sovietes, já reconheceram e exprimiram isto nestes últimos dias, mas como autênticos pequenos-burgueses fogem a esta terrível realidade com uma fraseologia vazia e sonora.
2. Os chefes dos Sovietes e dos partidos socialista-revolucionário e menchevique, com Tseretéli e Tchernov à frente, traíram definitivamente a causa da revolução ao pô-la nas mãos dos contra-revolucionários e ao converterem-se a si próprios e aos seus partidos e aos Sovietes em folha de parreira da contra-revolução.
Este facto é demonstrado pela circunstância de que os socialistas-revolucionários e os mencheviques traíram os bolcheviques e aprovaram tacitamente a destruição dos seus jornais, sem se atreverem sequer a dizer ao povo de modo directo e aberto que o faziam e porque o faziam. Ao legalizar o desarmamento dos operários e dos regimentos revolucionários, privaram-se a si próprios de todo o poder real. Converteram-se em tagarelas absolutamente vazios que ajudam a reacção a «distrair» a atenção do povo até que ela termine os seus últimos preparativos para dispersar os Sovietes. Sem reconhecer essa bancarrota total e definitiva dos partidos socialista-revolucionário e menchevique e da actual maioria dos Sovietes, sem reconhecer o carácter totalmente fictício do seu «directório» e doutras mascaradas, não é possível compreender absolutamente nada em toda a situação política actual.
3. Todas as esperanças de um desenvolvimento pacífico da revolução russa se desvaneceram definitivamente. A situação objectiva é esta: ou a vitória da ditadura militar até ao fim ou a vitória da insurreição armada dos operários, que só é possível se coincidir com um levantamento profundo das massas contra o governo e contra a burguesia, com base na ruína e no prolongamento da guerra.
A palavra de ordem da passagem de todo o poder aos Sovietes foi a palavra de ordem do desenvolvimento pacífico da revolução possível em Abril, em Maio, em Junho e até 5-9 de Julho, isto é, até o poder passar de facto para as mãos da ditadura militar. Agora essa palavra de ordem já não é justa, pois não tem em conta esta mudança operada nem a completa traição dos socialistas-revolucionários e mencheviques à revolução. Não são as aventuras, não são os motins, não são as resistências isoladas, não são as tentativas desesperadas de opor-se isoladamente à reacção que podem ajudar neste assunto, mas somente a clara consciência da situação, a firmeza e a resistência da vanguarda operária, a preparação das forças para uma insurreição armada, cujas condições de vitória são agora terrivelmente difíceis mas possíveis, no caso de se verificar uma coincidência nos factos e tendências assinaladas no texto da tese. Nada de ilusões constitucionais e republicanas, não mais ilusões sobre uma via pacífica, nada de acções dispersas, não devemos deixar-nos levar agora pela provocação dos cem-negros nem dos cossacos, mas reunir forças, reorganizá-las e prepará-las firmemente para uma insurreição armada, se o curso da crise permitir fazê-lo numa verdadeira escala de massas, de todo o povo. A passagem das terras para os camponeses é agora impossível sem uma insurreição armada, pois a contra-revolução, tendo tomado o poder, uniu-se completamente aos latifundiários como classe.
O objectivo da insurreição armada só pode ser a passagem do poder para as mãos do proletariado, apoiado pelo campesinato pobre, a fim de realizar o programa do nosso partido.
4. O partido da classe operária, sem abandonar a legalidade, mas sem sobrestimá-la nem por um momento sequer, deverá combinar o trabalho legal com o ilegal, como nos anos 1912-1914.
Não abandonar nem por uma hora sequer o trabalho legal. Não acreditar nem um só instante em ilusões constitucionais e «pacíficas». Criar imediatamente em toda a parte e em tudo organizações ou células ilegais para publicar folhetos, etc. Reorganizar-se imediatamente, disciplinada e firmemente em toda a linha.
Actuar como nos anos 1912-1914, quando sabíamos falar do derrubamento do tsarismo pela revolução e pela insurreição armada sem perder a base legal nem na Duma de Estado, nem nas caixas de seguros, nem nos sindicatos, etc.
Assinado: W.
A total organização e a consolidação da contra-revolução consistem na união excelentemente estudada e já materializada das três forças contra-revolucionárias principais: 1) o partido dos democratas-constitucionalistas, isto é, o verdadeiro chefe da burguesia organizada, retirando-se do ministério apresentou a este um ultimato, preparando o terreno para o derrubamento deste ministério pela contra-revolução106; 2) o Estado-Maior General e os altos comandos do exército, com a ajuda consciente ou semiconsciente de Kérenski, que até os socialistas-revolucionários mais destacados chamaram agora Cavaignac, tomaram de facto o poder estatal nas mãos, passando a metralhar as unidades revolucionárias das tropas na frente, a desarmar as tropas e os operários revolucionários em Petrogrado e em Moscovo, a sufocar e esmagar Níjni-Nóvgorod, a prender os bolcheviques e a fechar os seus jornais não só sem julgamento mas mesmo sem decreto do governo. De facto o poder estatal fundamental na Rússia é hoje uma ditadura militar; este facto é ainda dissimulado por uma série de instituições revolucionárias em palavras mas impotentes de facto, mas é um facto indubitável e tão fundamental que sem compreendê-lo não se pode compreender nada da situação política. 3) A imprensa monárquica cem-negrista e a burguesa, que já passaram da furiosa campanha contra os bolcheviques para a campanha contra os Sovietes, contra o «incendiário» Tchernov, etc, demonstraram com a maior clareza que a verdadeira essência da política da ditadura militar, que hoje domina na Rússia e é apoiada pelos democratas-constitucionalistas e os monárquicos, consiste em preparar a dispersão dos Sovietes. Muitos chefes socialistas-revolucionários e mencheviques, isto é, da actual maioria dos Sovietes, já reconheceram e exprimiram isto nestes últimos dias, mas como autênticos pequenos-burgueses fogem a esta terrível realidade com uma fraseologia vazia e sonora.
2. Os chefes dos Sovietes e dos partidos socialista-revolucionário e menchevique, com Tseretéli e Tchernov à frente, traíram definitivamente a causa da revolução ao pô-la nas mãos dos contra-revolucionários e ao converterem-se a si próprios e aos seus partidos e aos Sovietes em folha de parreira da contra-revolução.
Este facto é demonstrado pela circunstância de que os socialistas-revolucionários e os mencheviques traíram os bolcheviques e aprovaram tacitamente a destruição dos seus jornais, sem se atreverem sequer a dizer ao povo de modo directo e aberto que o faziam e porque o faziam. Ao legalizar o desarmamento dos operários e dos regimentos revolucionários, privaram-se a si próprios de todo o poder real. Converteram-se em tagarelas absolutamente vazios que ajudam a reacção a «distrair» a atenção do povo até que ela termine os seus últimos preparativos para dispersar os Sovietes. Sem reconhecer essa bancarrota total e definitiva dos partidos socialista-revolucionário e menchevique e da actual maioria dos Sovietes, sem reconhecer o carácter totalmente fictício do seu «directório» e doutras mascaradas, não é possível compreender absolutamente nada em toda a situação política actual.
3. Todas as esperanças de um desenvolvimento pacífico da revolução russa se desvaneceram definitivamente. A situação objectiva é esta: ou a vitória da ditadura militar até ao fim ou a vitória da insurreição armada dos operários, que só é possível se coincidir com um levantamento profundo das massas contra o governo e contra a burguesia, com base na ruína e no prolongamento da guerra.
A palavra de ordem da passagem de todo o poder aos Sovietes foi a palavra de ordem do desenvolvimento pacífico da revolução possível em Abril, em Maio, em Junho e até 5-9 de Julho, isto é, até o poder passar de facto para as mãos da ditadura militar. Agora essa palavra de ordem já não é justa, pois não tem em conta esta mudança operada nem a completa traição dos socialistas-revolucionários e mencheviques à revolução. Não são as aventuras, não são os motins, não são as resistências isoladas, não são as tentativas desesperadas de opor-se isoladamente à reacção que podem ajudar neste assunto, mas somente a clara consciência da situação, a firmeza e a resistência da vanguarda operária, a preparação das forças para uma insurreição armada, cujas condições de vitória são agora terrivelmente difíceis mas possíveis, no caso de se verificar uma coincidência nos factos e tendências assinaladas no texto da tese. Nada de ilusões constitucionais e republicanas, não mais ilusões sobre uma via pacífica, nada de acções dispersas, não devemos deixar-nos levar agora pela provocação dos cem-negros nem dos cossacos, mas reunir forças, reorganizá-las e prepará-las firmemente para uma insurreição armada, se o curso da crise permitir fazê-lo numa verdadeira escala de massas, de todo o povo. A passagem das terras para os camponeses é agora impossível sem uma insurreição armada, pois a contra-revolução, tendo tomado o poder, uniu-se completamente aos latifundiários como classe.
O objectivo da insurreição armada só pode ser a passagem do poder para as mãos do proletariado, apoiado pelo campesinato pobre, a fim de realizar o programa do nosso partido.
4. O partido da classe operária, sem abandonar a legalidade, mas sem sobrestimá-la nem por um momento sequer, deverá combinar o trabalho legal com o ilegal, como nos anos 1912-1914.
Não abandonar nem por uma hora sequer o trabalho legal. Não acreditar nem um só instante em ilusões constitucionais e «pacíficas». Criar imediatamente em toda a parte e em tudo organizações ou células ilegais para publicar folhetos, etc. Reorganizar-se imediatamente, disciplinada e firmemente em toda a linha.
Actuar como nos anos 1912-1914, quando sabíamos falar do derrubamento do tsarismo pela revolução e pela insurreição armada sem perder a base legal nem na Duma de Estado, nem nas caixas de seguros, nem nos sindicatos, etc.
Assinado: W.
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