Maio de 1914
As questões do movimento operário contemporâneo são em muitos aspectos questões delicadas — especialmente para os representantes do dia de ontem (isto é, da etapa histórica que acaba de passar) deste movimento. Isto refere-se, em primeiro lugar, às questões do chamado fraccionismo, da cisão, etc. Ouve-se com frequência dos participantes intelectuais no movimento operário pedidos excitados, nervosos, quase histéricos para não tocar nestas questões delicadas. Para os que viveram os longos anos de luta das diferentes correntes entre os marxistas, por exemplo, a partir de 1900-1901, naturalmente podem parecer repetições excessivas muitas discussões sobre o tema destas delicadas questões.
Mas os participantes na luta de 14 anos entre os marxistas (e mais ainda os na de 18-19 anos, se contarmos logo a partir dos primeiros sintomas do aparecimento do «economismo») já não são actualmente muitos. A imensa maioria dos operários, que integram nos nossos dias as fileiras dos marxistas, ou não se lembram da velha luta, ou então desconhecem-na por completo. Para esta imensa maioria (como o demonstrou também, entre outras coisas, o inquérito da nossa revista[N297]) as questões delicadas apresentam um interesse especialmente grande. E nós pretendemos deter-nos nestas questões, levantadas como que de novo (e para a jovem geração de operários é efectivamente de novo) pela «revista operária não fraccionária» de Trótski Borbá[N298].
I. Sobre o «Fraccionismo»
Trótski chama à sua nova revista «não fraccionaria». Coloca esta palavra em primeiro lugar nos anúncios, sublinha-a de todas as maneiras nos artigos de fundo tanto da própria Borbá como do liquidacionista Sévernaia Rabótchaia Gazeta[N299], que publicou um artigo de Trótski sobre a Borbá antes do aparecimento desta.
O que é isso de «não fraccionismo»?
A «revista operária» de Trótski é uma revista de Trótski para operários, pois na revista não há nem sinal de iniciativa operária, nem de ligação com as organizações operárias. Desejando tornar-se popular, Trótski explica aos leitores na sua revista para operários as palavras «território», «factor», etc.
Muito bem. Porque não explicar também aos operários a palavra «não fraccionismo»? Será que ela é mais compreensível do que as palavras território e factor?
Não. Não é isso. É que com a etiqueta «não fraccionismo» os piores representantes dos piores restos do fraccionismo induzem em erro a jovem geração de operários. Vale a pena determo-nos para explicar isto.
O fraccionismo é o principal traço distintivo do partido social-democrata numa determinada época histórica. Qual exactamente? De 1903 a 1911.
Para explicar do modo mais palpável em que consistia a essência do fraccionismo, é preciso recordar as condições concretas de, pelo menos, 1906 e 1907. Então o partido era um único, não havia cisão, mas havia fraccionismo, isto é, existiam de facto num único partido duas fracções, duas organizações de facto separadas. As organizações operárias na base eram únicas, mas para cada questão séria as duas fracções elaboravam duas tácticas; os seus defensores discutiam entre si nas organizações operárias únicas (por exemplo, quando da discussão da palavra de ordem: ministério da Duma ou democrata-constitucionalista em 1906 ou quando das eleições para o Congresso de Londres em 1907), e as questões eram resolvidas por maioria: uma fracção foi derrotada no Congresso único de Estocolmo (1906), a outra no Congresso único de Londres (1907)[N300].
Estes factos são do conhecimento geral da história do marxismo organizado na Rússia.
Basta recordar estes factos do conhecimento geral para se ver a clamorosa mentira que é difundida por Trótski.
Desde 1912, há já mais de dois anos, não existe na Rússia fraccionismo entre os marxistas organizados, não existem discussões sobre táctica em organizações únicas, em conferências e congressos únicos. Existe uma ruptura completa entre o partido, que declarou formalmente em Janeiro de 1912 que os liquidacionistas não fazem parte dele, e os liquidacionistas(1). Trótski chama frequentemente a este estado de coisas «cisão», e sobre esta denominação falaremos em especial mais tarde. Mas continua a ser um facto indubitável que a palavra: «fraccionismo» afasta-se da verdade.
Esta palavra, como já dissemos, é uma repetição, uma repetição não crítica, insensata, absurda, daquilo que estava certo ontem, isto é, numa época já passada. E quando Trótski nos fala sobre o «caos da luta fraccionária» (ver n.° 1, pp. 5, 6 e muitas outras), torna-se imediatamente claro qual precisamente o passado caduco que fala pela sua boca.
Olhai para o estado de coisas actual do ponto de vista do jovem operário russo, como são agora 9/10 dos marxistas organizados da Rússia. Ele vê diante de si três manifestações de massas de diferentes concepções ou correntes no movimento operário: os «pravdistas», reunidos em torno de um jornal com uma tiragem de 40.000 exemplares[N301], os «liqui-dacionistas» (15.000 exemplares) e os populistas de esquerda (10.000 exemplares). Os dados sobre a tiragem explicam ao leitor o carácter de massas de uma determinada prédica.
Pergunta-se, a que propósito se fala aqui de «caos»? Trótski gosta das frases sonantes e ocas, isto é sabido, mas a palavrinha «caos» não é apenas uma frase, é além disso a transplantação (melhor, a vã tentativa de transplantação) para o terreno russo da época actual das relações do estrangeiro da época de ontem. Eis o fundo da questão.
Não existe «caos» algum na luta dos marxistas com os populistas. Isso, esperamos, mesmo Trótski não se decidirá a afirmar. A luta dos marxistas com os populistas dura há mais de 30 anos, desde o próprio nascimento do marxismo. A causa desta luta é a divergência radical de interesses e de pontos de vista de duas classes diferentes, o proletariado e o campesinato. O «caos», se é que existe em algum sítio, só existe na cabeça de excêntricos que não compreendem isto.
Que fica então? O «caos» da luta dos marxistas com os liquidacionistas? Mais uma vez não é verdade, pois não se pode chamar caos à luta com a corrente que foi reconhecida por todo o partido como corrente e condenada desde 1908. E quem quer que se preocupe minimamente com a história do marxismo na Rússia sabe que o liquidacionismo está indissolúvel e estreitamente ligado, mesmo no que diz respeito aos seus dirigentes e participantes, ao «menchevismo» (1903-1908) e ao «economismo» (1894-1903). Assim, também aqui temos diante de nós quase vinte anos de história. Referir-se à história do próprio partido como a um «caos» significa ter um imperdoável vazio na cabeça.
Mas olhai para a situação actual do ponto de vista de Paris ou de Viena. Tudo muda imediatamente. Além dos «pravdistas» e dos «liquidacionistas» existem ainda pelo menos cinco «fracções» russas, isto e, grupos distintos que se pretendem incluir a si próprios no mesmo partido social-democrata: o grupo de Trótski, os dois grupos Vperiod[N302], os «bolcheviques-partidistas» e os «mencheviques-partidistas»[N303]. Em Paris e em Viena (cito como exemplo dois centros particularmente grandes) todos os marxistas o sabem muito bem.
E aqui em determinado sentido Trótski tem razão: isto é que é efectivamente fraccionismo, isto é que é verdadeiramente caos!
«Fraccionismo», isto é, a unidade nominal (em palavras todos são de um só partido) e a fragmentação real (de facto todos os grupos são independentes e entram uns com os outros em negociações e acordos, como potências soberanas).
O «caos», isto é, a falta:
de dados objectivamente admissíveis verificáveis da ligação destas fracções com o movimento operário na Rússia e,
a falta de material para julgar da verdadeira fisionomia ideológica e política destas fracções. Tomai o período de dois anos inteiros - 1912 e 1913. Como é sabido, foram anos de reanimação e ascenso domovimento operário, em que qualquer corrente ou orientação com uma aparência minimamente de massas (e na política só conta o que é de massas) não podia deixar de se reflectir nas eleições para a IV Duma, no movimento grevista, nos jornais legais, nos sindicatos, na campanha dos seguros, etc. Nenhuma, nem uma só destas cinco fracções no estrangeiro fez absolutamente nada de marcante durante todo este período de dois anos, nem numa só das manifestações acima indicadas do movimento operário de massas na Rússia!
Este é um facto que qualquer pessoa pode verificar com facilidade.
E este facto comprova que tínhamos razão ao falar de Trótski como de um representante dos «piores restos do fraccionismo».
Não fraccionista em palavras, Trótski, como sabem todos os que conhecem minimamente o movimento operário na Rússia, é o representante da «fracção de Trótski» — aqui há fraccionismo, pois são claros os seus dois indícios essenciais:
reconhecimento nominal da unidade e
isolamento de grupo de facto. Aqui há um resto de fraccionismo, pois é impossível descobrir aqui algo de sério no que se refere às ligações com o movimento operário de massas da Rússia.
Aqui há, por fim, a pior espécie de fraccionismo, pois não há nenhuma precisão ideológico-política. Esta precisão não pode ser negada nem aos pravdistas (até o nosso decidido adversário L. Mártov reconhece a nossa «coesão e disciplina» em torno de decisões formais de conhecimento geral sobre todas as questões), nem aos liquidacionistas (eles, pelo menos os mais destacados, têm uma fisionomia muito determinada, precisamente liberal e não marxista).
Não se pode negar uma certa precisão a uma parte das fracções que, como a fracção de Trótski, têm existência real exclusivamente do ponto de vista vieno-parisiense, mas de modo algum do russo. Por exemplo, são determinadas as teorias machistas[N304] do grupo machista Vperiod; é determinada a negação decidida destas teorias e a defesa do marxismo, além da condenação teórica dos liquidacionistas, nos «mencheviques-partidistas».
Mas em Trótski não existe precisão ideológico-política alguma, pois a patente do «não fraccionismo» significa apenas (já veremos isso mais pormenorizadamente) uma patente de plena liberdade de passar de uma fracção para outra e inversamente.
Resultado:
Trótski não explica nem compreende o significado histórico das divergências ideológicas entre as correntes e fracções no marxismo, apesar de estas divergências encherem vinte anos de história da social-democracia e dizerem respeito às questões fundamentais da actualidade (como mostraremos ainda);
Trótski não compreendeu as particularidades fundamentais do fraccionismo, como o reconhecimento nominal da unidade e a fragmentação real;
Sob a bandeira do «não fraccionismo» Trótski defende uma das fracções no estrangeiro, especialmente sem ideias e privadas de base no movimento operário da Rússia.
Nem tudo o que luz é ouro. Há muito brilho e barulho nas frases de Trótski, mas conteúdo não.
II. Sobre a Cisão
«Se entre vós, pravdistas, não existe fraccionismo, isto é, reconhecimento nominal da unidade com fragmentação de facto, existe outra coisa pior — cisionismo», objectar-nos-ão. É precisamente assim que fala Trótski que, não sabendo meditar sobre os seus pensamentos e ligar ponta com ponta das suas frases, ora vocifera contra o fraccionismo, ora grita: «a cisão faz uma conquista suicida após outra» (n.° 1, p. 6).
O sentido desta declaração só pode ser um: «os pravdistas fazem uma conquista após outra» (este é um facto objectivo e verificável, estabelecido com o estudo do movimento operário de massas da Rússia pelo menos nos anos de 1912 e 1913), mas eu, Trótski, condeno os pravdistas (1) como cisionistas e (2) como políticos suicidas.
Analisemos isto.
Em primeiro lugar agradeçamos a Trótski: há pouco (de Agosto de 1912 até Fevereiro de 1914) ele seguia F. Dán que, como é sabido, ameaçava e exortava a «matar» o antiliquidacionismo. Agora Trótski não ameaça «matar» a nossa orientação (e o nosso partido - não se zangue, cidadão Trótski, pois é verdade!), mas apenas prediz que ela própria se matará!
Isto é muito mais suave, não é verdade? Isto é quase «não fraccionário», não é assim?
Mas deixemos os gracejos de lado (ainda que o gracejo seja o único meio de réplica suave à insuportável verborreia de Trótski).
«Suicídio» é simplesmente uma frase, uma frase oca, apenas «trotskismo».
Cisionismo é uma acusação política séria. Esta acusação é repetida contra nós de mil maneiras tanto pelos liquidacionistas como por todos os grupos, acima enumerados, indubitavelmente existentes do ponto de vista de Paris e de Viena.
E todos repetem esta acusação política séria de um modo espantosamente não sério. Olhai para Trótski. Ele reconheceu que «a cisão faz (leia-se: os pravdistas fazem) uma conquista suicida após outra». E acrescenta a isso:
«Numerosos operários avançados em estado de plena desorientação política transformam-se eles próprios com frequência em activos agentes da cisão» (n.° 1, p. 6).
Poder-se-á encontrar exemplos de uma atitude menos séria para com a questão do que aquela que se revela nestas palavras?
Vós acusais-nos de cisionismo, e entretanto não vemos diante de nós na arena do movimento operário da Rússia senão o liquidacionismo. Quer dizer, vós considerais errada a nossa atitude para com o liquidacionismo? E de facto, todos os grupos no estrangeiro acima enumerados, por mais que se distingam uns dos outros, coincidem precisamente em que consideram a nossa atitude para com o liquidacionismo errada, «cisionista». Nisso consiste também a afinidade (e a essencial proximidade política) de todos estes grupos com os liquidacionistas.
Se a nossa atitude para com o liquidacionismo é errada no plano teórico, dos princípios, Trótski deveria tê-lo dito directamente, declarado precisamente, indicado sem rodeios, em que vê esse erro. Mas Trótski evita há anos este ponto fundamental.
Se na prática, na experiência do movimento, é refutada a nossa atitude para com o liquidacionismo, há que analisar essa experiência, o que Trótski também não faz. «Numerosos operários avançados — reconhece ele — transformam-se em activos agentes da cisão» (leia-se: activos agentes da linha, da táctica e do sistema de organização pravdistas).
Porque é, pois, que se dá o fenómeno tão triste, confirmado, segundo reconhece Trótski, pela experiência, de os operários avançados, e além disso numerosos, serem pelo Pravda?
Em consequência da «plena desorientação política» desses operários avançados, responde Trótski.
A explicação, é desnecessário dizer, é extremamente lisonjeira para Trótski, para todas as cinco fracções no estrangeiro e para os liquidacionistas. Trótski gosta muito de dar explicações, «com o ar erudito do conhecedor» e com frases pomposas e sonoras, lisonjeiras para Trótski, dos fenómenos históricos. Se «numerosos operários avançados» se tornam «activos agentes» de uma linha política e partidária que não se coaduna com a linha de Trótski, então Trótski resolve a questão, sem constrangimento, imediata e directamente: estes operários avançados encontram-se «em estado de plena desorientação política», e ele, Trótski, evidentemente, «em estado» de firmeza política, clareza e justeza de linha!... E esse mesmo Trótski, batendo com a mão no peito, fulmina o fraccionismo, o espírito de círculo, a tendência própria de intelectuais para impor a sua vontade aos operários!...
Na verdade, ao ler tais coisas, perguntamo-nos involuntariamente se não será de um manicómio que se ouvem tais vozes.
Perante os «operários avançados», a questão do liquidacionismo e da sua condenação foi levantada pelo partido em 1908, e a questão da «cisão» com um grupo bem determinado de íiquidacionistas (precisamente: o grupo da Nacha Zariá[N305]), isto é, da impossibilidade de construir o partido de outra forma que não sem este grupo e contra ele, esta última questão foi levantada em Janeiro de 1912, há mais de dois anos. Os operários avançados pronunciaram-se, na sua imensa maioria, precisamente pelo apoio à «linha de Janeiro» (de 1912). O próprio Trótski reconhece este facto com as palavras sobre as «conquistas» e os «numerosos operários avançados». E Trótski escapa-se insultando simplesmente esses operários avançados de «cisionistas» e «politicamente desorientados»!
As pessoas que não perderam a razão tirarão destes factos uma conclusão diferente. Onde a maioria dos operários conscientes se uniu em torno de decisões exactas e precisas, ali há unidade de opinião e acção, ali há espírito de partido e partido.Onde vimos liquidacionistas, «destituídos dos cargos» pelos operários, ou meia dúzia de grupos no estrangeiro, que em dois anos não demonstraram com nada as suas ligações com o movimento operário de massas da Rússia, aí precisamente reina a desorientação e o cisionismo. Ao tentar agora convencer os operários a não cumprir as decisões daquele «todo» que é reconhecido pelos marxistas-pravdistas, Trótski tenta desorganizar o movimento e provocar a cisão.
Estas tentativas são impotentes, mas há porém que desmascarar os guias de grupos intelectuais que ultrapassaram os limites da sua presunção, os quais, provocando a cisão, gritam sobre a cisão, os quais, sofrendo durante mais de dois anos uma derrota completa perante os «operários avançados», cospem com incrível descaramento nas decisões e na vontade destes operários avançados, chamando-lhes «politicamente desorientados». Pois tudo isso são métodos próprios de Nozdriov ou de Judaszinho Golovliov[N306].
E, na nossa função de publicistas, nós, respondendo aos repetidos gritos sobre a cisão, não nos cansaremos de repetir os dados exactos, não refutados e irrefutáveis. Na II Duma havia na cúria operária 47 % de deputados bolcheviques, na III 50%, na IV 67%.
Eis onde está a maioria dos «operários avançados», eis onde está o partido, eis onde está a unidade de opinião e de acção da maioria dos operários conscientes.
Os líquidacionistas objectam (ver Búlkine, L. M., no n.° 3 da Nacha Zariá) que nós nos servimos de argumentos baseados nas cúrias stolípinianas. Esta é uma objecção insensata e de má-fé. Os alemães medem os seus êxitos por eleições realizadas sob a lei eleitoral bismarckiana, que exclui as mulheres. Só loucos podiam censurar por isso os marxistas alemães, que medem os seus êxitos na base da lei eleitoral existente. Sem aprovar de modo algum as suas restrições reaccionárias.
Assim também nós, não defendendo as cúrias, nem o sistema de cúrias, medimos os nossos êxitos na base da lei eleitoral existente. As cúrias existiram em todas as três (II, III, IV) Dumas, e dentro de uma e mesma cúria operária, dentro da social-democracia, houve uma deslocação total contra os liquidacionistas. Quem não se quer enganar a si próprio e aos outros deve reconhecer este facto objectivo da vitória da unidade operária contra os liquidacionistas.
Outra objecção não é menos «inteligente»; «por um ou outro bolchevique votaram (ou participaram nas eleições) mencheviques e liquidacionistas». Perfeito! Mas não se aplicaria isto também aos 53% de deputados não bolcheviques na II Duma, aos 50% na III Duma, aos 33% na IV Duma?
Se fosse possível considerar, em vez dos dados sobre os deputados, os dados sobre os grandes eleitores[N307] ou sobre os representantes eleitorais dos operários, etc, considerá-los-íamos com todo o prazer. Mas tais dados mais pormenorizados não existem e, consequentemente, os «objectores» apenas atiram areia para os olhos do público.
E os dados sobre os grupos operários que ajudaram os jornais de diferentes orientações? Em dois anos (1912 e 1913) havia 2801 grupos pelo Pravda e 750 pelo Lutch(2) [N308]. Todos podem verificar estas cifras, e ninguém tentou ainda refutá-las.
Onde está então aqui a unidade de acção e de vontade da maioria dos «operários avançados» e onde está a violação da vontade da maioria?
O «não-fraccionismo» de Trótski é precisamente o cisionismo no sentido da mais desavergonhada violação da vontade da maioria dos operários.
Mas os participantes na luta de 14 anos entre os marxistas (e mais ainda os na de 18-19 anos, se contarmos logo a partir dos primeiros sintomas do aparecimento do «economismo») já não são actualmente muitos. A imensa maioria dos operários, que integram nos nossos dias as fileiras dos marxistas, ou não se lembram da velha luta, ou então desconhecem-na por completo. Para esta imensa maioria (como o demonstrou também, entre outras coisas, o inquérito da nossa revista[N297]) as questões delicadas apresentam um interesse especialmente grande. E nós pretendemos deter-nos nestas questões, levantadas como que de novo (e para a jovem geração de operários é efectivamente de novo) pela «revista operária não fraccionária» de Trótski Borbá[N298].
I. Sobre o «Fraccionismo»
Trótski chama à sua nova revista «não fraccionaria». Coloca esta palavra em primeiro lugar nos anúncios, sublinha-a de todas as maneiras nos artigos de fundo tanto da própria Borbá como do liquidacionista Sévernaia Rabótchaia Gazeta[N299], que publicou um artigo de Trótski sobre a Borbá antes do aparecimento desta.
O que é isso de «não fraccionismo»?
A «revista operária» de Trótski é uma revista de Trótski para operários, pois na revista não há nem sinal de iniciativa operária, nem de ligação com as organizações operárias. Desejando tornar-se popular, Trótski explica aos leitores na sua revista para operários as palavras «território», «factor», etc.
Muito bem. Porque não explicar também aos operários a palavra «não fraccionismo»? Será que ela é mais compreensível do que as palavras território e factor?
Não. Não é isso. É que com a etiqueta «não fraccionismo» os piores representantes dos piores restos do fraccionismo induzem em erro a jovem geração de operários. Vale a pena determo-nos para explicar isto.
O fraccionismo é o principal traço distintivo do partido social-democrata numa determinada época histórica. Qual exactamente? De 1903 a 1911.
Para explicar do modo mais palpável em que consistia a essência do fraccionismo, é preciso recordar as condições concretas de, pelo menos, 1906 e 1907. Então o partido era um único, não havia cisão, mas havia fraccionismo, isto é, existiam de facto num único partido duas fracções, duas organizações de facto separadas. As organizações operárias na base eram únicas, mas para cada questão séria as duas fracções elaboravam duas tácticas; os seus defensores discutiam entre si nas organizações operárias únicas (por exemplo, quando da discussão da palavra de ordem: ministério da Duma ou democrata-constitucionalista em 1906 ou quando das eleições para o Congresso de Londres em 1907), e as questões eram resolvidas por maioria: uma fracção foi derrotada no Congresso único de Estocolmo (1906), a outra no Congresso único de Londres (1907)[N300].
Estes factos são do conhecimento geral da história do marxismo organizado na Rússia.
Basta recordar estes factos do conhecimento geral para se ver a clamorosa mentira que é difundida por Trótski.
Desde 1912, há já mais de dois anos, não existe na Rússia fraccionismo entre os marxistas organizados, não existem discussões sobre táctica em organizações únicas, em conferências e congressos únicos. Existe uma ruptura completa entre o partido, que declarou formalmente em Janeiro de 1912 que os liquidacionistas não fazem parte dele, e os liquidacionistas(1). Trótski chama frequentemente a este estado de coisas «cisão», e sobre esta denominação falaremos em especial mais tarde. Mas continua a ser um facto indubitável que a palavra: «fraccionismo» afasta-se da verdade.
Esta palavra, como já dissemos, é uma repetição, uma repetição não crítica, insensata, absurda, daquilo que estava certo ontem, isto é, numa época já passada. E quando Trótski nos fala sobre o «caos da luta fraccionária» (ver n.° 1, pp. 5, 6 e muitas outras), torna-se imediatamente claro qual precisamente o passado caduco que fala pela sua boca.
Olhai para o estado de coisas actual do ponto de vista do jovem operário russo, como são agora 9/10 dos marxistas organizados da Rússia. Ele vê diante de si três manifestações de massas de diferentes concepções ou correntes no movimento operário: os «pravdistas», reunidos em torno de um jornal com uma tiragem de 40.000 exemplares[N301], os «liqui-dacionistas» (15.000 exemplares) e os populistas de esquerda (10.000 exemplares). Os dados sobre a tiragem explicam ao leitor o carácter de massas de uma determinada prédica.
Pergunta-se, a que propósito se fala aqui de «caos»? Trótski gosta das frases sonantes e ocas, isto é sabido, mas a palavrinha «caos» não é apenas uma frase, é além disso a transplantação (melhor, a vã tentativa de transplantação) para o terreno russo da época actual das relações do estrangeiro da época de ontem. Eis o fundo da questão.
Não existe «caos» algum na luta dos marxistas com os populistas. Isso, esperamos, mesmo Trótski não se decidirá a afirmar. A luta dos marxistas com os populistas dura há mais de 30 anos, desde o próprio nascimento do marxismo. A causa desta luta é a divergência radical de interesses e de pontos de vista de duas classes diferentes, o proletariado e o campesinato. O «caos», se é que existe em algum sítio, só existe na cabeça de excêntricos que não compreendem isto.
Que fica então? O «caos» da luta dos marxistas com os liquidacionistas? Mais uma vez não é verdade, pois não se pode chamar caos à luta com a corrente que foi reconhecida por todo o partido como corrente e condenada desde 1908. E quem quer que se preocupe minimamente com a história do marxismo na Rússia sabe que o liquidacionismo está indissolúvel e estreitamente ligado, mesmo no que diz respeito aos seus dirigentes e participantes, ao «menchevismo» (1903-1908) e ao «economismo» (1894-1903). Assim, também aqui temos diante de nós quase vinte anos de história. Referir-se à história do próprio partido como a um «caos» significa ter um imperdoável vazio na cabeça.
Mas olhai para a situação actual do ponto de vista de Paris ou de Viena. Tudo muda imediatamente. Além dos «pravdistas» e dos «liquidacionistas» existem ainda pelo menos cinco «fracções» russas, isto e, grupos distintos que se pretendem incluir a si próprios no mesmo partido social-democrata: o grupo de Trótski, os dois grupos Vperiod[N302], os «bolcheviques-partidistas» e os «mencheviques-partidistas»[N303]. Em Paris e em Viena (cito como exemplo dois centros particularmente grandes) todos os marxistas o sabem muito bem.
E aqui em determinado sentido Trótski tem razão: isto é que é efectivamente fraccionismo, isto é que é verdadeiramente caos!
«Fraccionismo», isto é, a unidade nominal (em palavras todos são de um só partido) e a fragmentação real (de facto todos os grupos são independentes e entram uns com os outros em negociações e acordos, como potências soberanas).
O «caos», isto é, a falta:
de dados objectivamente admissíveis verificáveis da ligação destas fracções com o movimento operário na Rússia e,
a falta de material para julgar da verdadeira fisionomia ideológica e política destas fracções. Tomai o período de dois anos inteiros - 1912 e 1913. Como é sabido, foram anos de reanimação e ascenso domovimento operário, em que qualquer corrente ou orientação com uma aparência minimamente de massas (e na política só conta o que é de massas) não podia deixar de se reflectir nas eleições para a IV Duma, no movimento grevista, nos jornais legais, nos sindicatos, na campanha dos seguros, etc. Nenhuma, nem uma só destas cinco fracções no estrangeiro fez absolutamente nada de marcante durante todo este período de dois anos, nem numa só das manifestações acima indicadas do movimento operário de massas na Rússia!
Este é um facto que qualquer pessoa pode verificar com facilidade.
E este facto comprova que tínhamos razão ao falar de Trótski como de um representante dos «piores restos do fraccionismo».
Não fraccionista em palavras, Trótski, como sabem todos os que conhecem minimamente o movimento operário na Rússia, é o representante da «fracção de Trótski» — aqui há fraccionismo, pois são claros os seus dois indícios essenciais:
reconhecimento nominal da unidade e
isolamento de grupo de facto. Aqui há um resto de fraccionismo, pois é impossível descobrir aqui algo de sério no que se refere às ligações com o movimento operário de massas da Rússia.
Aqui há, por fim, a pior espécie de fraccionismo, pois não há nenhuma precisão ideológico-política. Esta precisão não pode ser negada nem aos pravdistas (até o nosso decidido adversário L. Mártov reconhece a nossa «coesão e disciplina» em torno de decisões formais de conhecimento geral sobre todas as questões), nem aos liquidacionistas (eles, pelo menos os mais destacados, têm uma fisionomia muito determinada, precisamente liberal e não marxista).
Não se pode negar uma certa precisão a uma parte das fracções que, como a fracção de Trótski, têm existência real exclusivamente do ponto de vista vieno-parisiense, mas de modo algum do russo. Por exemplo, são determinadas as teorias machistas[N304] do grupo machista Vperiod; é determinada a negação decidida destas teorias e a defesa do marxismo, além da condenação teórica dos liquidacionistas, nos «mencheviques-partidistas».
Mas em Trótski não existe precisão ideológico-política alguma, pois a patente do «não fraccionismo» significa apenas (já veremos isso mais pormenorizadamente) uma patente de plena liberdade de passar de uma fracção para outra e inversamente.
Resultado:
Trótski não explica nem compreende o significado histórico das divergências ideológicas entre as correntes e fracções no marxismo, apesar de estas divergências encherem vinte anos de história da social-democracia e dizerem respeito às questões fundamentais da actualidade (como mostraremos ainda);
Trótski não compreendeu as particularidades fundamentais do fraccionismo, como o reconhecimento nominal da unidade e a fragmentação real;
Sob a bandeira do «não fraccionismo» Trótski defende uma das fracções no estrangeiro, especialmente sem ideias e privadas de base no movimento operário da Rússia.
Nem tudo o que luz é ouro. Há muito brilho e barulho nas frases de Trótski, mas conteúdo não.
II. Sobre a Cisão
«Se entre vós, pravdistas, não existe fraccionismo, isto é, reconhecimento nominal da unidade com fragmentação de facto, existe outra coisa pior — cisionismo», objectar-nos-ão. É precisamente assim que fala Trótski que, não sabendo meditar sobre os seus pensamentos e ligar ponta com ponta das suas frases, ora vocifera contra o fraccionismo, ora grita: «a cisão faz uma conquista suicida após outra» (n.° 1, p. 6).
O sentido desta declaração só pode ser um: «os pravdistas fazem uma conquista após outra» (este é um facto objectivo e verificável, estabelecido com o estudo do movimento operário de massas da Rússia pelo menos nos anos de 1912 e 1913), mas eu, Trótski, condeno os pravdistas (1) como cisionistas e (2) como políticos suicidas.
Analisemos isto.
Em primeiro lugar agradeçamos a Trótski: há pouco (de Agosto de 1912 até Fevereiro de 1914) ele seguia F. Dán que, como é sabido, ameaçava e exortava a «matar» o antiliquidacionismo. Agora Trótski não ameaça «matar» a nossa orientação (e o nosso partido - não se zangue, cidadão Trótski, pois é verdade!), mas apenas prediz que ela própria se matará!
Isto é muito mais suave, não é verdade? Isto é quase «não fraccionário», não é assim?
Mas deixemos os gracejos de lado (ainda que o gracejo seja o único meio de réplica suave à insuportável verborreia de Trótski).
«Suicídio» é simplesmente uma frase, uma frase oca, apenas «trotskismo».
Cisionismo é uma acusação política séria. Esta acusação é repetida contra nós de mil maneiras tanto pelos liquidacionistas como por todos os grupos, acima enumerados, indubitavelmente existentes do ponto de vista de Paris e de Viena.
E todos repetem esta acusação política séria de um modo espantosamente não sério. Olhai para Trótski. Ele reconheceu que «a cisão faz (leia-se: os pravdistas fazem) uma conquista suicida após outra». E acrescenta a isso:
«Numerosos operários avançados em estado de plena desorientação política transformam-se eles próprios com frequência em activos agentes da cisão» (n.° 1, p. 6).
Poder-se-á encontrar exemplos de uma atitude menos séria para com a questão do que aquela que se revela nestas palavras?
Vós acusais-nos de cisionismo, e entretanto não vemos diante de nós na arena do movimento operário da Rússia senão o liquidacionismo. Quer dizer, vós considerais errada a nossa atitude para com o liquidacionismo? E de facto, todos os grupos no estrangeiro acima enumerados, por mais que se distingam uns dos outros, coincidem precisamente em que consideram a nossa atitude para com o liquidacionismo errada, «cisionista». Nisso consiste também a afinidade (e a essencial proximidade política) de todos estes grupos com os liquidacionistas.
Se a nossa atitude para com o liquidacionismo é errada no plano teórico, dos princípios, Trótski deveria tê-lo dito directamente, declarado precisamente, indicado sem rodeios, em que vê esse erro. Mas Trótski evita há anos este ponto fundamental.
Se na prática, na experiência do movimento, é refutada a nossa atitude para com o liquidacionismo, há que analisar essa experiência, o que Trótski também não faz. «Numerosos operários avançados — reconhece ele — transformam-se em activos agentes da cisão» (leia-se: activos agentes da linha, da táctica e do sistema de organização pravdistas).
Porque é, pois, que se dá o fenómeno tão triste, confirmado, segundo reconhece Trótski, pela experiência, de os operários avançados, e além disso numerosos, serem pelo Pravda?
Em consequência da «plena desorientação política» desses operários avançados, responde Trótski.
A explicação, é desnecessário dizer, é extremamente lisonjeira para Trótski, para todas as cinco fracções no estrangeiro e para os liquidacionistas. Trótski gosta muito de dar explicações, «com o ar erudito do conhecedor» e com frases pomposas e sonoras, lisonjeiras para Trótski, dos fenómenos históricos. Se «numerosos operários avançados» se tornam «activos agentes» de uma linha política e partidária que não se coaduna com a linha de Trótski, então Trótski resolve a questão, sem constrangimento, imediata e directamente: estes operários avançados encontram-se «em estado de plena desorientação política», e ele, Trótski, evidentemente, «em estado» de firmeza política, clareza e justeza de linha!... E esse mesmo Trótski, batendo com a mão no peito, fulmina o fraccionismo, o espírito de círculo, a tendência própria de intelectuais para impor a sua vontade aos operários!...
Na verdade, ao ler tais coisas, perguntamo-nos involuntariamente se não será de um manicómio que se ouvem tais vozes.
Perante os «operários avançados», a questão do liquidacionismo e da sua condenação foi levantada pelo partido em 1908, e a questão da «cisão» com um grupo bem determinado de íiquidacionistas (precisamente: o grupo da Nacha Zariá[N305]), isto é, da impossibilidade de construir o partido de outra forma que não sem este grupo e contra ele, esta última questão foi levantada em Janeiro de 1912, há mais de dois anos. Os operários avançados pronunciaram-se, na sua imensa maioria, precisamente pelo apoio à «linha de Janeiro» (de 1912). O próprio Trótski reconhece este facto com as palavras sobre as «conquistas» e os «numerosos operários avançados». E Trótski escapa-se insultando simplesmente esses operários avançados de «cisionistas» e «politicamente desorientados»!
As pessoas que não perderam a razão tirarão destes factos uma conclusão diferente. Onde a maioria dos operários conscientes se uniu em torno de decisões exactas e precisas, ali há unidade de opinião e acção, ali há espírito de partido e partido.Onde vimos liquidacionistas, «destituídos dos cargos» pelos operários, ou meia dúzia de grupos no estrangeiro, que em dois anos não demonstraram com nada as suas ligações com o movimento operário de massas da Rússia, aí precisamente reina a desorientação e o cisionismo. Ao tentar agora convencer os operários a não cumprir as decisões daquele «todo» que é reconhecido pelos marxistas-pravdistas, Trótski tenta desorganizar o movimento e provocar a cisão.
Estas tentativas são impotentes, mas há porém que desmascarar os guias de grupos intelectuais que ultrapassaram os limites da sua presunção, os quais, provocando a cisão, gritam sobre a cisão, os quais, sofrendo durante mais de dois anos uma derrota completa perante os «operários avançados», cospem com incrível descaramento nas decisões e na vontade destes operários avançados, chamando-lhes «politicamente desorientados». Pois tudo isso são métodos próprios de Nozdriov ou de Judaszinho Golovliov[N306].
E, na nossa função de publicistas, nós, respondendo aos repetidos gritos sobre a cisão, não nos cansaremos de repetir os dados exactos, não refutados e irrefutáveis. Na II Duma havia na cúria operária 47 % de deputados bolcheviques, na III 50%, na IV 67%.
Eis onde está a maioria dos «operários avançados», eis onde está o partido, eis onde está a unidade de opinião e de acção da maioria dos operários conscientes.
Os líquidacionistas objectam (ver Búlkine, L. M., no n.° 3 da Nacha Zariá) que nós nos servimos de argumentos baseados nas cúrias stolípinianas. Esta é uma objecção insensata e de má-fé. Os alemães medem os seus êxitos por eleições realizadas sob a lei eleitoral bismarckiana, que exclui as mulheres. Só loucos podiam censurar por isso os marxistas alemães, que medem os seus êxitos na base da lei eleitoral existente. Sem aprovar de modo algum as suas restrições reaccionárias.
Assim também nós, não defendendo as cúrias, nem o sistema de cúrias, medimos os nossos êxitos na base da lei eleitoral existente. As cúrias existiram em todas as três (II, III, IV) Dumas, e dentro de uma e mesma cúria operária, dentro da social-democracia, houve uma deslocação total contra os liquidacionistas. Quem não se quer enganar a si próprio e aos outros deve reconhecer este facto objectivo da vitória da unidade operária contra os liquidacionistas.
Outra objecção não é menos «inteligente»; «por um ou outro bolchevique votaram (ou participaram nas eleições) mencheviques e liquidacionistas». Perfeito! Mas não se aplicaria isto também aos 53% de deputados não bolcheviques na II Duma, aos 50% na III Duma, aos 33% na IV Duma?
Se fosse possível considerar, em vez dos dados sobre os deputados, os dados sobre os grandes eleitores[N307] ou sobre os representantes eleitorais dos operários, etc, considerá-los-íamos com todo o prazer. Mas tais dados mais pormenorizados não existem e, consequentemente, os «objectores» apenas atiram areia para os olhos do público.
E os dados sobre os grupos operários que ajudaram os jornais de diferentes orientações? Em dois anos (1912 e 1913) havia 2801 grupos pelo Pravda e 750 pelo Lutch(2) [N308]. Todos podem verificar estas cifras, e ninguém tentou ainda refutá-las.
Onde está então aqui a unidade de acção e de vontade da maioria dos «operários avançados» e onde está a violação da vontade da maioria?
O «não-fraccionismo» de Trótski é precisamente o cisionismo no sentido da mais desavergonhada violação da vontade da maioria dos operários.
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